quinta-feira, 18 de março de 2010

O PEC E A COR DA ROSA

A leitura do Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) é um exercício importante, mas preocupante.

Com efeito, ver condensado em números e desenhado em consequentes medidas políticas o nosso presente e o nosso futuro, tal como nos é apresentado, não é confortável, apesar de se saber que a realidade é dinâmica e não vai ficar prisioneira de alguns dos cenários propostos. 

Mas, é sobretudo desconfortável a convicção de que aquilo que está previsto é indubitavelmente negativo para muitos dos cidadãos que mais fragilidades económicas e sociais enfrentam e, por isso, as preocupações situam-se nas medidas concretas que "parecem" pôr em causa políticas sociais fundamentais; agravar desigualdades; e retirar sustentabilidade a um modelo social europeu cuja preservação é condição essencial à construção da Europa, tal como a temos sonhado.

Governar e fazer opções é um exercício  particularmente difícil, sobretudo em momentos de crise, mas é também nestes momentos que vimos claramente vistas as opções políticas e são elas que falarão no futuro.

Para mais há vários futuros que, com este PEC, vão estar em jogo: o do país; o de todos nós; e o do próprio partido do governo - o PS.

Espero que a discussão na Assembleia da República ajude a perceber, com clareza, certas opções, nomeadamente quanto às politicas sociais e fiscais, que mereceram uma tão rápida bênção do presidente da Comissão Europeia, o que, devo confessar, de imediato, me preocupou.

Não gostaria de ver, neste momento de dificuldades mas por isso mesmo também de oportunidades, a rosa, com a sua cor natural, substituída por uma preocupante rosa negra.


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