terça-feira, 9 de janeiro de 2018

FELIZCIDADE

Estamos naquela altura em que pomos um contido sorriso beatífico e desejamos um feliz ano novo.
São votos não só a familiares e amigos mas extensivos a estranhos com que circunstancialmente nos cruzamos, ou mesmo a adversários políticos ou clubísticos, esquecendo, por momentos, que a sua felicidade será, em muitos casos, a nossa tristeza.

Raramente sabemos o resultado dos nossos votos e mesmo lá para março, quando se celebra o dia da felicidade, poucos serão os que se lembram de fazer uma avaliação sobre a forma como a felicidade vai pontuando os seus dias.

Claro que esta coisa da felicidade tem que se lhe diga. É algo de muito pessoal e por isso não há uma fórmula matemática de medição, ainda que a nível coletivo as Nações Unidas tenham vindo a publicar um Relatório Mundial da Felicidade, em que consideram um conjunto de dados objetivos e outros, como a ética, que não deixam de ter um valor importante na classificação. Diga-se que Portugal não tem andado lá muito bem classificado, mas desconfio que também com o atual governo os resultados vão melhorar substancialmente, para felicidade geral e algumas tristezas particulares.

Vem isto a propósito dum voto de Feliz Ano Novo para Coimbra e da interrogação sobre o estado de espírito da minha cidade. Confesso que muitas vezes a vejo como uma cidade disfuncional, que não se entende lá muito bem com os seus habitantes nem estes a apreciam muito. Perpassa, frequentemente, a ideia de uma cidade à procura de um rumo, hesitante e inconsequente nos seus propósitos, em que muitos dos seus habitantes expressam uma ideia contraditória, por ao mesmo tempo que lhe desejam novidade lamentam a normal transformação das suas estruturas do passado e choram a importância perdida.

Talvez até tudo seja compatível, mas a ideia da recuperação de uma importância perdida, existente num tempo e num contexto diferente, implica um esforço e uma visão que não se vê especialmente partilhada e como tal não ajuda na construção de uma cidade feliz.

E será que há cidades felizes? É difícil garanti-lo, mas percebe-se que há cidades em que os seus cidadãos se sentem particularmente bem, com boa qualidade de vida e fortes sentimentos de pertença e de dádiva, respirando uma felicidade coletiva, sem esquecer, que há sempre uns tantos infelizes, como é das regras. E é isto que se deseja para Coimbra.

Pois bem, desejar um Ano Novo Feliz para Coimbra será, também, fazer um voto de felicidades para todos aqueles que a entendem como a sua cidade, e desejar que desse somatório de concidadãos felizes vá emergindo a cidade de futuro que ambicionamos e, por isso, FelixCidade de Coimbra!

Até para o ano! Feliz Ano Novo!