Era
minha intenção escrever sobre outro assunto mas não podia ficar indiferente à
onda de indignação que as declarações daquele holandês malandrote, que terá
andado a mentir sobre as suas habilitações académicas e que preside ao
Eurogrupo, resolveu fazer sobre os nossos gastos em copos e mulheres e que lhe
terão custado um dinheirão.
É
verdade que vivemos tempos de indignação. Hoje indigna-mo-nos por tudo e por
nada e então quando se trata de política a indignação atinge uma amplitude que
só a voz de Maria Callas ou de Pavarotti conseguiam.
Por
mim, deixava o governo e os partidos políticos tratar das indignações
diplomáticas e de outras mais desabridas, porque eles saberão melhor do que
ninguém se o homem estaria numa fase de carência ou se estava a investir numa
relação com um outro personagem bem nosso conhecido, que é ministro das
finanças na Alemanha.
Pois
bem, reclamando para Coimbra o estatuto de cidade do conhecimento e querendo-a
uma cidade cosmopolita, procuraria aproveitar o momento para, graças às declarações
do tal senhor, projetar internacionalmente a nossa cidade.
Para
mais o que proponho até me parece que não terá a oposição de qualquer candidato
à Câmara e que não correrá o risco, como aconteceu com a Ponte Europa de ter
sido rebatizada em conselho de ministros o que, diga-se em abono da verdade,
muito contribuiu para a nossa felicidade.
Aliás,
a minha proposta é simples e modesta e estou certo que poderá acolher o acordo
de toda a Câmara uma vez que levará à substituição de um nome de rua, demasiado
estigmatizado, por um novo nome que induzira, hélas, qualquer português a
expressar-se em neerlandês.
Sei
que esta coisa de alterar topónimos não é fácil e que no princípio se geram
confusões com os correios, as finanças, os gps, etc. mas será uma decisão
particularmente compensadora em termos de negócio e que até reporá alguma
lógica.
Pensemos
bem, se a rua é torta porque é que lhe chamamos Rua Direita? Ilógico, não é
verdade. Depois se na Rua Direita se bebem uns copos e há por lá outros
prazeres tudo bate certo. Mais até os barbeiros da zona poderão aproveitar para
lançar a moda do penteado aos caracolinhos, tão ministro das finanças holandês.
Por
tudo isto, a minha proposta é a de que a Rua Direita se passe a chamar Rua
Jeroen Dijsselbloem. Ao princípio pode parecer difícil de pronunciar mas,
depois de uns copos, não vai custar nada.
(Artigo
publicado na edição de 23 de março, do Diário de Coimbra)