quinta-feira, 25 de junho de 2020

A TEMPERATURA DA ÁGUA

Por estes dias, vai ser comum ver repetido aquele gesto de chegar à praia e de por o pé na água para ver a temperatura. Mesmo que se tenha informação meteorológica há o problema da sensação térmica que obriga a uma confirmação de facto das condições do mar.

Do mesmo modo os partidos políticos também já começam a preparar a ida ao banho, isto é a participação nas eleições autárquicas do próximo ano, e a pôr o pé na água.

Logicamente terão em conta os resultados dos mergulhos da há quatro anos e de tudo o que na altura aconteceu, bem como da verdadeira competição que durante estes anos teve lugar para ganhar provas, evitar pirolitos ou assistir ao morrer na praia de alguns, como tantas vezes tem acontecido.

É evidente que a escolha dos nadadores e do estilo a adotar depende das condições de momento do mar, mas é lógico que se tenha em conta o resultado da prova anterior, bem como se a prova se desenrola num mar forte ou em água doce, num sereno rio.

A ida a banhos nas próximas eleições terá decerto os habituais rituais e a reprodução das técnicas e dos estilos mas haverá, por força das consequências da pandemia que estamos a viver, algumas estratégias competitivas que terão de ser reconsideradas.

Claro que há quem já tenha uma ideia de eventuais nadadores, sobretudo do capitão de equipa, sendo que neste caso é o selecionador nacional que tem a principal e última palavra, ainda que haja uns treinadores locais que procurem ter vencimento para os seus atletas, usando, mesmo, alguns pequenos truques de circunstância.

Agora que esta é uma prova que exige particular argúcia ninguém contestará, porque ela terá no contexto global várias consequências a curto, médio e longo prazo. Há mesmo equipas que jogam aqui a sua sobrevivência e outras novas que vão tentar ficar bem colocadas na sua estreia, procurando fôlego para provas de maior relevo.

Haverá casos engraçados de algumas equipas adversárias que procurarão numas praias, um lugar ao sol na mesma área da praia, tentando colocar o chapéu de sol e a toalha numa proximidade familiar e que noutras praias tentarão afastar-se ao máximo, como se a proximidade fosse contagiosa e consequentemente perigosa.

A procura de apoios, um trabalho discreto e às vezes comprometedor com escaldões futuros, para a compra das toalhas, dos chapéus de sol, dos protetores solares e até dos para-ventos, também se vai começar a desenhar, assim como os pedidos de ajuda para alisar a areia e tirar aqueles pequenas pedras tão incomodativas para o descanso pretendido.

Começa-se, portanto, a prepara a próxima época político-autárquica e como tal começarão a ver-se determinados sinais que nos permitirão perceber se vai ser bom para a nossa praia e, sobretudo, se vamos ter um grupo de bons atletas que nos dê perspetivas de uma boa prova e de bons resultados finais.

O pior que nos pode acontecer é termos atletas mal preparados, egoístas, sem capacidade de trabalho de equipa, desgastados sem ideias e sem músculo para enfrentar as difíceis ondulações que se adivinham no futuro.