A
gravidade dos problemas climáticos que se têm vindo a sentir e que
estão cientificamente identificados, levou o secretário-geral das
Nações Unidas, António Guterres, a convocar uma Cimeira para a
Acção Climática, para o próximo dia 23 de setembro, alertando que
ignorar as as alterações climáticas é ”suicida” , que “este
é o desafio sobre o qual os líderes desta geração vão ser
julgados” e que “esta é a batalha das nossas vidas”.
Conhecendo
os principais actuais líderes políticos e tendo em conta que a
prioridade dos lideres empresariais é, pura e simplesmente, o lucro
é de temer que as palavras de António Guterres apenas tenham eco
nalgumas franjas da sociedade civil e nalguns académicos, e que,
consequentemente os resultados práticos não sejam o necessário nem
o suficiente.
O
modo de vida, que durante as últimas décadas construímos, está
profundamente estruturado e demasiado arraigado para que rapidamente
sejam possíveis as alterações profundas necessárias à alteração
do paradigma civilizacional pelo qual se lutou. É verdade que vamos
tendo algumas manifestações de preocupação perante a “emergência
climática” que se vive e que se tem vindo a agravar de modo
exponencial, mas as medidas concretas na maior parte dos caso são
simbólicas.
Está
neste caso a decisão tomada pelo reitor da Universidade de Coimbra
(UC) de não haver carne de vaca nas ementas das cantinas
universitárias, a partir de janeiro do próximo ano, face à
poluição que a criação bovina representa. Independentemente do
real mérito da decisão a verdade é que ela assumiu uma
significativa dimensão mediática e aí temos instalada a “Questão
da vaca”.
É
natural que a universidade coloque questões relevantes, que faça
uso do seu know-how cientifico para justificar as suas posições e,
sobretudo, que actue e corrija naquilo que é responsabilidade
própria, dando o exemplo e contribuindo para uma mudança e formação
comportamental dos alunos, que são as elites de amanhã.
O
reitor também anunciou outras medidas de natureza ambiental de
ataque ao CO2, menos controversas mas importantes, havendo uma, que
apenas ouvi sussurrar, relativa à circulação automóvel no Polo I
que merece atenção urgente, porque ela não tem só a ver com
poluição ambiental, mas também com poluição visual e é uma
afronta ao património histórico da UC – o estacionamento
automóvel no parque da Porta Férrea!
É
uma verdadeira afronta à UC aquele estacionamento, que servirá a
reitoria e professores, que deveria ser encerrado de imediato
constituindo-se numa decisão exemplar, não controversa,
dignificadora da imagem da UC e demonstrativa da vontade e da força
da actual equipa reitoral.
Aliás,
se há elemento poluidor em Coimbra – uma cidade de serviços –
são os automóveis. Eles são os principais emissores de CO2 da
cidade e por isso, para que a UC, que está situada no coração da
cidade, seja a primeira universidade portuguesa neutra em carbono, os
Polos universitários deveriam ser considerados, com urgência,
“Territórios Livres de Automóveis Privados”, neles apenas
podendo entrar e circular transportes públicos e velocípedes.