É
sabido que mais importante do que o que se diz é quem o diz.
Por
exemplo: se eu disser que estou a planear uma intervenção nos
jardins, rotundas, separadores centrais de ruas e avenidas, e espaços
públicos de Coimbra, plantando flores ou instalando canteiros, de
modo a que a cidade vença o ar vazio e pouco cuidado que a diminui e
aumente a auto-estima dos seus habitantes e a empatia dos visitantes,
ninguém levará a sério esta afirmação ainda que com ela possa
concordar.
Com
efeito tendo o único poder de sonhar não posso fazer nada de
concreto e, como tal, posso dizer coisas interessantes que se limitam
a morrer frente aos olhos de quem me lê.
Outra
coisa seria o presidente da Câmara dizer exatamente o mesmo. Aí
haveria de imediato quem se congratulasse e que aguardasse expectante
que no outono que aí vem, bom momento para início dos trabalhos, se
começasse a ver a terra remexida para as plantações e a colocação
dos primeiros canteiros a expulsarem carros de algumas das nossas
simpáticas pracinhas que são importantes espaços de respiração
no tecido urbano.
Como
se percebe a mesma afirmação suscita duas atitudes diferentes
porque quem as faz tem responsabilidades, capacidades e estatutos
totalmente diferentes.
Outro
exemplo. Em 13 de dezembro de 2018 publiquei, neste mesmo espaço, um
artigo “Obrigado à comunicação social”, em que defendi a
importância de uma comunicação social livre e forte como condição
essencial à nossa democracia e à nossa respiração cívica, e em
sugeria que as Câmaras Municipais atribuíssem uma assinatura anual
dos jornais locais aos jovens residentes nos seus Municípios, com
base numa solução a acordar com esses órgãos de comunicação
social.
Claro
que a minha sugestão, que não teve qualquer recetividade,
permitiria não só ajudar de forma imparcial e isenta uma
comunicação social que notoriamente enfrenta dificuldades, mas
também ganhar e fidelizar leitores.
Pois
bem, não é que por estes dias, o presidente da República veio
defender incentivos do Estado aos media, face às dificuldades que
estes atravessam, sugerindo, por exemplo, incentivos à leitura de
jornais por jovens nas escolas, através do financiamento de
assinaturas.
Ora
se a minha proposta não terá merecido mais do que um condescendente
sorriso momentâneo, a sugestão do presidente da República tem um
peso relevante e os responsáveis políticos, concretamente os
autárquicos, deviam considerá-la. É que sem prejuízo de medidas
de âmbito governamental há uma necessidade, que para Coimbra é uma
emergência, de conseguir criar uma visão, uma estratégia e uma
vontade regional que precisa da voz da comunicação.
Para
que se possa falar de um aeroporto para servir a região centro ou de
um sistema de mobilidade trans-municipal é preciso criar sinergias
de identidade e de proximidade que só serão possíveis com uma
comunicação social regional forte e livre.
Por
isso, talvez fosse bom dar atenção não às minhas mas às
sugestões do presidente da República, porque verdadeiramente
importante não é o que se diz mas quem o diz.
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