Fui
buscar o título deste artigo a um livro que tive o privilégio de
receber como prenda “L’Art d’Être Grand-Père”, de Victor
Hugo. Trata-se de uma coletânea de poesia, do grande escritor
francês, que vou tentando ler ao mesmo tempo que vivo o encantamento
de ser avô.
Mas
haverá uma arte de ser avô? Estou certo que sim. Cada avô e cada
Avó são, à sua maneira, artistas.
O
problema que enfrentamos, aqui em Coimbra, está na existência de
condições e equipamentos públicos que nos permitam realizar
plenamente a nossa arte avoenga.
Com
efeito, a definição e existência de uma rede de equipamentos, a
nível de parques infantis, no município, não será consentânea
com as necessidades e aqueles que existem são pequenos com
limitados, e, em muitos casos impossíveis de utilizar no verão e no
inverno porque não têm qualquer cobertura.
Aliás,
há uma preocupação incomensurávelmente superior em arranjar
parques de estacionamento para os automóveis e até mesmo para
passear o cão do que fazer parques infantis estratégicos e
adequados que permitam às crianças brincar e exercitar-se, sem
atropelos.
Também
há uma segmentação etária, concretamente com parques para os mais
pequenos e depois alguns parques (?) com equipamentos para exercício
dos seniores, que não faz sentido. Com efeito seria salutar espaços
com equipamentos que permitissem o exercício convivial entre
benjamins, infantes e seniores.
É
difícil para muitos avós, para mais quando “tomam conta” de
mais que um neto, terem de se deslocar de carro a um parque infantil
que dista alguns quilómetros da sua casa para que estes possam
divertir-se, exercitar-se e socializar.
Aliás,
a ida ao parque infantil apresenta-se muitas vezes como uma
“aventura”, para que se aguarda com expectativa o fim-de-semana
ou uma data especial, quando deveria ser uma possibilidade
permanente.
Quando
se pensa em Coimbra fala-se de tanta coisa, decerto importante, mas
esta é uma questão omissa que não se vê ser colocada na agenda da
cidade, como deveria ser, até porque os primeiros anos de vida são
marcantes para memória futura, e há coisas elementares que levam a
que os mais pequenos nunca esqueçam e que os leve a assumir
decisivamente e para o resto das suas vidas, o amor pela cidade.
Hoje
a cidade tem um conjunto de parques e espaços verdes, regra geral
desarticulados e em muitos casos mal aproveitados, que merecia a pena
olhar e considerar de uma forma nova, tanto mais que temos também,
na nossa arte de avós, de procurar variar nos espaços para levar os
netos e os desenjoar do baloiço de sempre.
Neste
contexto, por mim, gostaria muito de ter na minha cidade um parque
amplo, com alguns árvores e alguns equipamentos inovadores, mas em
que fosse possível correr, jogar, empoeirar-se e enlamear-se sem
constrangimentos, novos e velhos. Enfim um “Parque de Liberdade”,
para os cidadãos da Coimbra do futuro.
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