quinta-feira, 22 de agosto de 2019

A ARTE DE SER AVÔ


Fui buscar o título deste artigo a um livro que tive o privilégio de receber como prenda “L’Art d’Être Grand-Père”, de Victor Hugo. Trata-se de uma coletânea de poesia, do grande escritor francês, que vou tentando ler ao mesmo tempo que vivo o encantamento de ser avô.

Mas haverá uma arte de ser avô? Estou certo que sim. Cada avô e cada Avó são, à sua maneira, artistas.

O problema que enfrentamos, aqui em Coimbra, está na existência de condições e equipamentos públicos que nos permitam realizar plenamente a nossa arte avoenga.

Com efeito, a definição e existência de uma rede de equipamentos, a nível de parques infantis, no município, não será consentânea com as necessidades e aqueles que existem são pequenos com limitados, e, em muitos casos impossíveis de utilizar no verão e no inverno porque não têm qualquer cobertura.

Aliás, há uma preocupação incomensurávelmente superior em arranjar parques de estacionamento para os automóveis e até mesmo para passear o cão do que fazer parques infantis estratégicos e adequados que permitam às crianças brincar e exercitar-se, sem atropelos.

Também há uma segmentação etária, concretamente com parques para os mais pequenos e depois alguns parques (?) com equipamentos para exercício dos seniores, que não faz sentido. Com efeito seria salutar espaços com equipamentos que permitissem o exercício convivial entre benjamins, infantes e seniores.

É difícil para muitos avós, para mais quando “tomam conta” de mais que um neto, terem de se deslocar de carro a um parque infantil que dista alguns quilómetros da sua casa para que estes possam divertir-se, exercitar-se e socializar.

Aliás, a ida ao parque infantil apresenta-se muitas vezes como uma “aventura”, para que se aguarda com expectativa o fim-de-semana ou uma data especial, quando deveria ser uma possibilidade permanente.

Quando se pensa em Coimbra fala-se de tanta coisa, decerto importante, mas esta é uma questão omissa que não se vê ser colocada na agenda da cidade, como deveria ser, até porque os primeiros anos de vida são marcantes para memória futura, e há coisas elementares que levam a que os mais pequenos nunca esqueçam e que os leve a assumir decisivamente e para o resto das suas vidas, o amor pela cidade.

Hoje a cidade tem um conjunto de parques e espaços verdes, regra geral desarticulados e em muitos casos mal aproveitados, que merecia a pena olhar e considerar de uma forma nova, tanto mais que temos também, na nossa arte de avós, de procurar variar nos espaços para levar os netos e os desenjoar do baloiço de sempre.

Neste contexto, por mim, gostaria muito de ter na minha cidade um parque amplo, com alguns árvores e alguns equipamentos inovadores, mas em que fosse possível correr, jogar, empoeirar-se e enlamear-se sem constrangimentos, novos e velhos. Enfim um “Parque de Liberdade”, para os cidadãos da Coimbra do futuro.


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