A Direita que realizou o sonho de ter um presidente, uma maioria e um governo, apresenta o seu primeiro Orçamento. Não é um orçamento qualquer!
Escudando-se com a crise e porque
ainda duvida de que sociologicamente seja maioritária no país – para além de
todos os que se afirmam de esquerda ainda há, no seu seio, uns sociais
democratas relutantes –, tem vindo a encenar uma dramatização da situação e uma
diabolização da contestação tendentes a levar á aceitação dum orçamento que é a
primeira grande peça do seu projecto político-ideológico.
Tendo chegado ao poder através de
um processo de concertação estratégica que envolveu o presidente da República e
que contou com os erros do PS, a inconsciência política do BE e o sectarismo do
PCP, tenta, através dum condicionamento multicanal, obter a vitória final, que
é a de conseguir a mais ampla legitimação possível através da abstenção do PS
na votação do seu Orçamento.
Claro que nunca aceitaria o sim,
isso seria comprometedor, também não desejaria o não porque isso significaria
alguma margem de liberdade política e por isso a sua ambição é a de obter a
abstenção do PS garantindo assim a sua “amarração” e o seu controlo, com o
mínimo de problemas.
Um pobre PS, vergado, sem coragem
e sem alternativas, é a cereja no bolo que a direita almeja neste momento que é
o seu novo ciclo.
O caceiteirismo económico de que
o Orçamento para 2012 é expoente, não reflecte os compromissos internacionais
que o PS negociou e que o País assumiu, é algo de muito diferente. Não se trata
da resolução de um problema como é dito, o que está a ser proposto é uma
mudança radical do nosso modelo social através da absoluta degradação do valor
do trabalho, do desprezo pela nossa cultura e pela nossa idiossincrasia e da alienação
das nossas mais valias económicas, através do triunfo absoluto do capital.
A gravidade do que está a ser
proposto, vai traduzir-se, seguramente, num aprofundar de desigualdades em mais
pobreza e sofrimento e o PS não pode aceitar isto. Não pode lavar as mãos e
abster-se perante a gravidade da situação. O PS não pode acobardar-se. Se o
fizer ficará não só refém da direita como será desprezado por toda a esquerda,
por todos as mulheres e homens de esquerda. O PS não terá perdão se não tiver a
coragem política de votar contra este Orçamento.
Por mim, simples militante de
base, fica o apelo à Direcção do PS para que vote contra este Orçamento. O voto
contra do PS não suscita qualquer problema ao país, os mercados, que conhecem
bem quem nos governa, não querem saber disso para nada e os portugueses
precisam de ter esperança numa alternativa.
Qualquer voto do PS que não seja
o não será um erro histórico, que suscitará uma imensa indignação e levará a
profundas divisões internas.