quinta-feira, 16 de setembro de 2010

A ARTE DA PRUDÊNCIA - 71

 Não ser diferente, de procedimento anómalo, nem por natural inclinação nem por gosto.

O homem prudente sempre foi o mesmo em todas as suas boas qualidades, e isto depõe a favor da sua inteligência. A sua mudança deve ser justificada por causas e méritos. Em matéria de prudência é feia a variação. Há quem seja diferente todos os dias; até o entendimento têm desigual, mais ainda a vontade e até a sorte: o que ontem foi o branco do seu sim hoje é o negro do seu não. Contradizem o seu próprio prestígio e confundem a opinião alheia.

A Arte da Prudência
Baltasar Gracián

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

POLÍTICA À MODA DE PILATOS


Estavam os cidadãos de Coimbra a aguardar a marcação de um prometido referendo local sobre a cobertura da Baixa, quando são surpreendidos com o anúncio de um outro referendo sobre a abertura dos hipermercados aos Domingos durante todo o dia.

É, sem dúvida, um "oportuno" anúncio sobre matéria relativamente à qual ainda não há Lei, o que reflecte uma enorme vontade de resolução do problema com a maior urgência possível. Só que, para além de ainda não haver Lei, o processo implica decisão da Assembleia Municipal e um conjunto de formalidades que vão delongar a questão. Portanto, o verdadeiro objectivo da Câmara não é o de ter uma decisão rápida sobre a questão, é sim a de fugir às suas responsabilidades, como lhe é típico.

Aliás, adivinha-se que todo este processo a concretizar-se - porque é bom ter presente que o outro também anunciado referendo nunca aconteceu -, vai ser motivo de adivinhadas peripécias, que acabarão por suscitar um enorme gozo local e um deprimente ridículo nacional.

O pobre vice-Presidente - arauto do referendo - que se prepare para o que aí vem porque o Presidente quando as coisas começarem a patinar lhe assacará todas as responsabilidades. Tenha-se presente que o ónus da "barraca" sobre a cobertura da Baixa e o inerente referendo recaiu sobre o vice-Presidente da altura e aqui por Coimbra, em política, a mesma água corre muitas vezes sobre a mesma ponte. É uma singularidade nossa.

Podem, para já, os pequenos comerciantes estar descansados, tendo contudo presente que quando foram aprovados os diversos hipermercados e centros comerciais não houve "necessidade" de qualquer referendo foi a Câmara que os aprovou sem remorso e os anunciou, inclusivamente, como o símbolo da modernidade.
 
Quem ainda acredite que na Praça 8 de Maio há alguma réstia de visão sobre o desenvolvimento da Cidade e de coragem política para defender causas fundamentais ao seu equilíbrio económico e social bem pode perder as esperanças, o que se pratica ali é invariavelmente um política à moda de Pilatos.

BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE COIMBRA – ELEIÇÃO ORGÃOS SOCIAIS


RAZÕES DE UMA CANDIDATURA

No dia 23 de Setembro vai haver eleições para os Órgãos Sociais da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Coimbra (AHBVC).

Correspondendo a um imperativo de consciência, entende um conjunto de sócios apresentar-se a sufrágio.

Têm como única motivação servir a AHBVC, honrar o seu passado e garantir o seu futuro, na prossecução dos seus objectivos estatutários.

Têm presente uma história de 120 anos de abnegado serviço voluntário na defesa e protecção de pessoas e bens, bem como no enriquecimento cultural e humano dos seus associados e estão convictos de que a AHBVC continua a ser um parceiro imprescindível na construção de uma Coimbra mais segura e solidária.

Sabem que a AHBVC faz parte do coração da Cidade e querem que ela continue a ser uma presença permanente e actuante no sentido de contribuir para a qualidade de vida no Município de Coimbra.

Têm consciência das muitas dificuldades com que a AHBVC se debate mas têm confiança. Confiança nos associados, na generalidade dos cidadãos que entendem os Bombeiros Voluntários de Coimbra como um património inestimável da Cidade e nas Instituições Públicas e Privadas que entendem como parceiros na construção do futuro.

Por tudo isto e num acto de pura solidariedade, candidatam-se, com convicção, para:

 "HONRAR O PASSADO. SERVIR O FUTURO."

O NOSSO PROGRAMA

Uma candidatura responsável mais do que um acto de vontade tem de ser um gesto de visão, uma afirmação de ambição e a assumpção de uma estratégia.

Dispensamos promessas e vamos, por isso, trabalhar no sentido de sistematizar os problemas e equacionar com realismo a sua solução, convictos da ajuda e da colaboração dos associados, dos cidadãos de boa vontade e dos parceiros institucionais.

Como linhas de actuação teremos em atenção os seguintes três eixos fundamentais:

I – Sustentabilidade Institucional.

Queremos garantir a sustentabilidade da AHBVC, reforçando a participação dos seus associados e fazendo sentir a sua mais valia no processo de desenvolvimento da qualidade de vida dos cidadãos.

II – Garantia de Operacionalidade do Corpo de Bombeiros.

Queremos garantir a operacionalidade do pilar fundamental que é o Corpo de Bombeiros, dotando-o dos meios materiais adequados e de meios humanos devidamente preparados.

III – Envolvimento e Participação na Vida da Cidade.

Queremos que a AHBVC seja parceira activa na vida da Cidade, quer na participação no contexto da Protecção Civil, quer como elemento dinâmico da sua vida social e cultural.

LISTA

ASSEMBLEIA GERAL

Presidente – Cor. Albano José Ribeiro de Almeida
Vice-Presidente – Dr. Mário Mendes Nunes
1.º Secretário – Sr. Luís Carlos Pinto
2.º Secretário – Dr.ª Suzana Maria Fernandes Redondo

DIRECÇÃO

Presidente – Dr. João António Faustino da Silva
Vice-Presidente – Eng.º António Arménio Vaz Serra Pacheco
Vice-Presidente – Sr. Maximino Godinho Morais
1.º Secretário – Sr. Aurelino Ferreira Martins
2.º Secretário – Sr. Abilino Lapa da Costa
Tesoureiro – Sr. José Carlos Lopes Queiroz
Tesoureiro Adjunto -  Sr. Carlos Jorge Correia Balteiro
1.º Vogal – Dr. António Carlos Tavares Pinheiro
2.º Vogal – Dr.º José Abreu Antunes Soares 
1.º Suplente – Eng.º Jorge António Bernardo
2.º Suplente – Dr. João Paulo Gaspar de Almeida e Sousa
3.º Suplente – Sr. António Duarte Cruz

CONSELHO FISCAL

Presidente – Dr. Fausto Lages Proença Garcia
Secretário – Dr. Carlos Manuel Fernandes Miranda Cruz
Relator – Dr. Alberto Carlos Morais Brás
1.º Suplente – Sr. Henrique Graça
2.º Suplente – Sr. Carlos Fernando da Cruz

A ARTE DA PRUDÊNCIA - 70


Saber negar.

Não se deve conceder tudo, nem a todos. É tão importante saber negar como saber conceder e nos que mandam é uma prudência necessária. E aqui intervém a fórmula: estima-se mais o não de alguns que o sim de outros, porque um não dourado, satisfaz mais que um seco sim. Há muita gente que tem sempre o não na boca, estragando sempre tudo. Neles o não vem sempre em primeiro lugar, e ainda que depois de tudo acabem por conceder, não se tem muito em conta devido ao desgosto inicial. Não se devem negar as coisas de chofre, pois é melhor uma decepção aos sorvos. Também não se deve negar de todo, pois suprimir-se-ia a dependência. É melhor que fiquem sempre uns restos de esperança para suavizar o amargo da negativa. A cortesia deve preencher o vazio do favor e as boas palavras suprimem a falta de obras. O não e o sim são fáceis de dizer e exigem muita reflexão.

A Arte da Prudência
Baltasar Gracián

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A MORAL DO PROBLEMA


Dizia o presidente Carlos Encarnação, perante a situação de acumulação de um director municipal do urbanismo com a presidência de um clube de futebol, que não passava de um problema moral que só ao referido director cabia considerar.

Assim, apenas com a moral pelo meio, aconteceu a amoralidade de durante três anos a situação se ter arrastado e de a instituição Câmara de Coimbra se ver envolvida - como nunca tinha acontecido na sua história - num triste processo e num triste espectáculo que se desenrola publicamente nos bancos do Tribunal.

Claro que toda a gente sabia e sabe que o problema não era moral, era um problema político em que um presidente "qualificado" como grande político - porque se sabe safar seja à custa de quem e do que for - envolveu a instituição que governa a cidade, desqualificando-a e desprestigiando-a.  

A cada dia que passa e perante o que se vai sabendo mais se percebe a incompetência de um governo autárquico onde: "Simões aprovou o que Rebelo indeferiu", como noticiava um jornal e que significa que o director municipal se dava ao luxo de revogar a seu belo prazer alterar decisões do vereador. E quantas não terão sido?

Não haveria aqui, pelo menos, uma questãozita disciplinar?

Como se vai vendo o problema não era moral e o que se vai concluindo é que a moral do problema está no inqualificável comportamento político do presidente da Câmara.

O que não terá acontecido durante estes anos na Câmara de Coimbra!?

UMA DESCOBERTA SERÔDIA


É impossível não registar a descoberta serôdia, por parte de alguns militantes do PS Coimbra, da fragilidade política, para não dizer incapacidade, do actual líder distrital e candidato Victor Baptista.

"Mais vale tarde do que nunca" - diz o povo e diz bem -, mas que não se pode deixar de registar que em política o mérito está na previsão e na antecipação.

Há estragos de anos dificilmente reparáveis e quando sobre eles e o seu autor se alertou não restou mais do que o silêncio cúmplice.  

Também é verdade que o pragmatismo e a oportunidade são méritos políticos reconhecidos. 

O que é doloroso é ficar na dúvida sobre o que irão dizer amanhã, depois das eleições.

LA CÂMARA


Era uma Câmara
Muito engraçada
Não tinha presidente
Não tinha nada
Nem todos podiam entrar nela, não
Porque a Câmara tinha alçapão
Alguns podiam despachar mais cedo
Porque na Câmara havia segredo
Poucos sabiam o que se passava ali
Nem presidente nem vereador
Quem mandava ali era um director
Dizia o presidente em desespero
Mas era gerida com muito esmero
Na Praça 8 de Maio
Número zero

Nota: Adaptada de "La Casa" de Vinicius de Moraes e inspirada nos relatos de um julgamento que vai acontecendo na nossa cidade.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A ARTE DA PRUDÊNCIA - 69


Não se entregar ao mau humor.

Um grande homem nunca se sujeita às variações anímicas. É uma lição de prudência a reflexão sobre si próprio, conhecer a sua verdadeira disposição, preveni-la e mesmo desviar-se até o outro extremo para encontrar o equilíbrio do bom-senso entre a natureza e a arte. Conhecer-se é começar a corrigir-se. Há monstros de impertinência que estão sempre de mau humor e os afectos variam com ele; eternamente arrastados por esta grosseira destemperança, aventuram-se de forma contraditória. E este excesso não só corrompe a vontade, como atinge o discernimento, e altera a vontade e o entendimento.

A Arte da Prudência
Baltasar Gracián

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

VIVAM AS CABRAS!


Soubemos, no pico do verão, que um exército de cabras - integrando um projecto luso-espanhol - vai começar a pastar terrenos da raia, desrespeitando o traçado fronteiriço que tanto custou a definir.

No seu pastar incansável, irão "limpar" terrenos abandonados, pastoreadas, decerto, por pastores bilingues  e com o leite será produzido queijo que, terá uma meia cura republicano/monárquica. 
 
A ideia parece meritória e representa um avanço no desenvolvimento do interior, que passará a ter um número muito superior de cabras per-capita relativamente ao sempre beneficiado litoral.  

Se a limpeza feita pelas cabras resultar e se o seu leite vier a ser rentável, deverá ser equacionada a sua utilização futura na "limpeza e preparação" das listas partidárias, sempre que haja eleições internas, o que poupará os lancinantes dramas a que, invariavelmente assistimos e que tão desprestigiantes se revelam. 

O problema é que deverá ser muito mais difícil um entendimento intra-partidário, sobre os militantes com direito a voto por causa das clientelas, do que  estabelecer o número de cabras num projecto internacional de pastorícia.

Vivam as cabras!

MÊS DE PROMESSAS


Agosto cumpriu. Houve calor, casamentos, nascimentos, luto, praia, festivais, incêndios, tolices políticas e a loucura das mortes em estúpidos acidentes de trânsito. Acabou trazendo-nos a rentrée futebolística e meia rentrée política.  Tudo normal, portanto.

Setembro é sempre um mês de promessas, de todas as promessas. 1 de Setembro é um bom dia para recomeçar a escrita.

Não é contudo possível recomeçar sem referir a morte de George David Weis, autor da fantástica canção - que é preciso ir ouvindo, na extraordinária voz de Louis Amstrong -, "What A Wonderful World".