Estavam os cidadãos de Coimbra a aguardar a marcação de um prometido referendo local sobre a cobertura da Baixa, quando são surpreendidos com o anúncio de um outro referendo sobre a abertura dos hipermercados aos Domingos durante todo o dia.
É, sem dúvida, um "oportuno" anúncio sobre matéria relativamente à qual ainda não há Lei, o que reflecte uma enorme vontade de resolução do problema com a maior urgência possível. Só que, para além de ainda não haver Lei, o processo implica decisão da Assembleia Municipal e um conjunto de formalidades que vão delongar a questão. Portanto, o verdadeiro objectivo da Câmara não é o de ter uma decisão rápida sobre a questão, é sim a de fugir às suas responsabilidades, como lhe é típico.
Aliás, adivinha-se que todo este processo a concretizar-se - porque é bom ter presente que o outro também anunciado referendo nunca aconteceu -, vai ser motivo de adivinhadas peripécias, que acabarão por suscitar um enorme gozo local e um deprimente ridículo nacional.
O pobre vice-Presidente - arauto do referendo - que se prepare para o que aí vem porque o Presidente quando as coisas começarem a patinar lhe assacará todas as responsabilidades. Tenha-se presente que o ónus da "barraca" sobre a cobertura da Baixa e o inerente referendo recaiu sobre o vice-Presidente da altura e aqui por Coimbra, em política, a mesma água corre muitas vezes sobre a mesma ponte. É uma singularidade nossa.
Podem, para já, os pequenos comerciantes estar descansados, tendo contudo presente que quando foram aprovados os diversos hipermercados e centros comerciais não houve "necessidade" de qualquer referendo foi a Câmara que os aprovou sem remorso e os anunciou, inclusivamente, como o símbolo da modernidade.
Quem ainda acredite que na Praça 8 de Maio há alguma réstia de visão sobre o desenvolvimento da Cidade e de coragem política para defender causas fundamentais ao seu equilíbrio económico e social bem pode perder as esperanças, o que se pratica ali é invariavelmente um política à moda de Pilatos.
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