Se a vida nos faz permanentes surpresas tenho de confessar
que o presidente Cavaco Silva, de quem nunca esperei politicamente nada de
jeito, acabou por me surprender e levar,
com a sua recente revelação mariana e santifica, a consultar um “Dicionário dos
Santos”, que por mera curiosodade intelectual e prevenção – não fosse um dia vir
a ter uma eventrual crise religiosa –, resolvi um dia comprar e que se
encontrava arrumado serena e pacatamente entre uns outros dicionários.
Sem ambições políticas mas sabendo que a ignorância não é
vida, decidi recorrer ao referido dicionário e passear a minha curiosidade pelo
calendário romano e dos beatos portugueses, não vá o presidente, numa nova pedagógica
e sábia intervenções invocar, hoje mesmo, um qualquer taumaturgo que eu
desconheça e me deixe envergonhado perante os meus amigos.
Pois bem, descobri que hoje, dia 17 de maio, é dia de São Pascoal
Baylon. Tenham paciência mas não vou contar-vos o resultado de toda a minha
investigação -, é bom que também investiguem e que não passem o tempo a cantar
a Grândola Vila Morena ou a rir-se do e
para o Gaspar -, mas notarei que os Franciscanos, que o acolheram como irmão converso, lhe deram
no mosteiro, tarefas muito modestas como: porteiro, servente de refeitório,
esmoler, etc.
Ora convenhamos que esta é uma figura de santo
particularmente atractiva para os discursos do presidente da República, que em conjugação com o actual governo nos vai
preparando para estas honradas e modestas tarefas, concretamente a de abrir a
porta aos membros da troika, servir-lhes as refeições (bom peixe e bom vinho
potuguês) e pedir-lhes, nesta caso também com a intervenção da Senhora de
Fátima, que desbloqueiem as verbas previstas após a sétima avaliação positiva
do nosso empobrecimento.
Obrigado presidente Cavaco por me ter obrigado a dar uso ao “Dicionário
dos Santos”. Por isto nunca mais o esquecerei.