quinta-feira, 10 de agosto de 2017

MARKETING ELEITORAL



Os muitos turistas que nos visitam nesta altura dispõem de mais um elemento para melhor nos ficarem a conhecer: o marketing eleitoral, que começa a invadir o espaço público.

Chegar a uma cidade como Coimbra, que se diz do conhecimento, com uma enorme riqueza histórico-monumental, uma das mais antigas e prestigiadas Universidades da Europa, espaços classificados como património da humanidade, etc. e deparar-se com uma campanha eleitoral destinada a escolher a sua governação não escapará, decerto, à observação atenta de muitos dos visitantes.

Nesta fase de pré-campanha já aí estão os primeiros outdoors, que levam a quem nos desconhece, uma leitura sobretudo estética, não infetada por um pré-conhecimento nem por um eventual preconceito. O que possam pensar dependerá também muito das suas origens; do seu background cultural; e dos hábitos, costumes e leis das suas comunidades. Contudo, não me parece que na generalidade a imagem que transparece seja muito favorável. Um dos cartazes mais disseminados até ao momento é, aliás, de uma pobreza confrangedora.

 A ideia que dá é que há quem entenda, numa atitude de desprezo pelos eleitores, que o que garante votos é uma vulgaridade simpática e um sorriso anódino, e isso para quem nos observa de fora não transmite uma ideia muito favorável quer do candidato quer dos eleitores.

Mas cada candidato escolhe a sua partitura e alguns são traídos pela ligeireza e celeridade com que se querem fazer notar, tentando uma rápida notoriedade ou uma nova notoriedade que permita sufocar o passado, esquecendo o esgotamento rápido desta opção e aquela que será nesta campanha eleitoral, não uma novidade mas um instrumento importante de estratégia eleitoral, a utilização das redes sociais.

Até há alguns tempos os jornalistas eram o maior pesadelo dos candidatos, pela mediação que faziam com os eleitores e a forma como transmitiam as suas mensagens e o seu comportamento. A importância do seu trabalho no processo de escolha era muito relevante, hoje é um pouco diferente porque a comunicação digital permite uma relação direta dos candidatos com os eleitores.   

É evidente que uma eleição autárquica tem uma especificidade inequívoca e não merece a pena estar a pensar nas estratégias usadas em campanhas presidenciais ou legislativas mas há elementos de ponderação e formas de comunicação inovadoras que devem ser consideradas.

Enquanto uns lutam contra a erosão do poder, outros lutam pelo esquecimento de um passado dúbio, outros, ainda, pela rentabilização de uma imagem criada noutros territórios. Contudo, o essencial é que não subestimem a inteligência dos eleitores e que tenham presente a afirmação de Chateaubriand de que: “A ambição de quem não tem capacidade é um crime.”

(Artigo publicado na edição de 10 de agosto, do Diário de Coimbra)