Os
muitos turistas que nos visitam nesta altura dispõem de mais um elemento para
melhor nos ficarem a conhecer: o marketing eleitoral, que começa a invadir o
espaço público.
Chegar
a uma cidade como Coimbra, que se diz do conhecimento, com uma enorme riqueza
histórico-monumental, uma das mais antigas e prestigiadas Universidades da
Europa, espaços classificados como património da humanidade, etc. e deparar-se
com uma campanha eleitoral destinada a escolher a sua governação não escapará,
decerto, à observação atenta de muitos dos visitantes.
Nesta
fase de pré-campanha já aí estão os primeiros outdoors, que levam a quem nos
desconhece, uma leitura sobretudo estética, não infetada por um
pré-conhecimento nem por um eventual preconceito. O que possam pensar dependerá
também muito das suas origens; do seu background cultural; e dos hábitos,
costumes e leis das suas comunidades. Contudo, não me parece que na
generalidade a imagem que transparece seja muito favorável. Um dos cartazes
mais disseminados até ao momento é, aliás, de uma pobreza confrangedora.
A ideia que dá é que há quem entenda, numa
atitude de desprezo pelos eleitores, que o que garante votos é uma vulgaridade
simpática e um sorriso anódino, e isso para quem nos observa de fora não transmite
uma ideia muito favorável quer do candidato quer dos eleitores.
Mas
cada candidato escolhe a sua partitura e alguns são traídos pela ligeireza e
celeridade com que se querem fazer notar, tentando uma rápida notoriedade ou
uma nova notoriedade que permita sufocar o passado, esquecendo o esgotamento
rápido desta opção e aquela que será nesta campanha eleitoral, não uma novidade
mas um instrumento importante de estratégia eleitoral, a utilização das redes
sociais.
Até
há alguns tempos os jornalistas eram o maior pesadelo dos candidatos, pela
mediação que faziam com os eleitores e a forma como transmitiam as suas
mensagens e o seu comportamento. A importância do seu trabalho no processo de
escolha era muito relevante, hoje é um pouco diferente porque a comunicação
digital permite uma relação direta dos candidatos com os eleitores.
É
evidente que uma eleição autárquica tem uma especificidade inequívoca e não
merece a pena estar a pensar nas estratégias usadas em campanhas presidenciais
ou legislativas mas há elementos de ponderação e formas de comunicação
inovadoras que devem ser consideradas.
Enquanto
uns lutam contra a erosão do poder, outros lutam pelo esquecimento de um
passado dúbio, outros, ainda, pela rentabilização de uma imagem criada noutros
territórios. Contudo, o essencial é que não subestimem a inteligência dos
eleitores e que tenham presente a afirmação de Chateaubriand de que: “A ambição
de quem não tem capacidade é um crime.”
(Artigo
publicado na edição de 10 de agosto, do Diário de Coimbra)