Estamos naquela altura em que
pomos um contido sorriso beatífico e desejamos um feliz ano novo.
São votos não só a familiares
e amigos mas extensivos a estranhos com que circunstancialmente nos
cruzamos, ou mesmo a adversários políticos ou clubísticos,
esquecendo, por momentos, que a sua felicidade será, em muitos
casos, a nossa tristeza.
Raramente sabemos o resultado dos
nossos votos e mesmo lá para março, quando se celebra o dia da
felicidade, poucos serão os que se lembram de fazer uma avaliação
sobre a forma como a felicidade vai pontuando os seus dias.
Claro que esta coisa da
felicidade tem que se lhe diga. É algo de muito pessoal e por isso
não há uma fórmula matemática de medição, ainda que a nível
coletivo as Nações Unidas tenham vindo a publicar um Relatório
Mundial da Felicidade, em que consideram um conjunto de dados
objetivos e outros, como a ética, que não deixam de ter um valor
importante na classificação. Diga-se que Portugal não tem andado
lá muito bem classificado, mas desconfio que também com o atual
governo os resultados vão melhorar substancialmente, para felicidade
geral e algumas tristezas particulares.
Vem isto a propósito dum voto de
Feliz Ano Novo para Coimbra e da interrogação sobre o estado de
espírito da minha cidade. Confesso que muitas vezes a vejo como uma
cidade disfuncional, que não se entende lá muito bem com os seus
habitantes nem estes a apreciam muito. Perpassa, frequentemente, a
ideia de uma cidade à procura de um rumo, hesitante e inconsequente
nos seus propósitos, em que muitos dos seus habitantes expressam uma
ideia contraditória, por ao mesmo tempo que lhe desejam novidade
lamentam a normal transformação das suas estruturas do passado e
choram a importância perdida.
Talvez até tudo seja compatível,
mas a ideia da recuperação de uma importância perdida, existente
num tempo e num contexto diferente, implica um esforço e uma visão
que não se vê especialmente partilhada e como tal não ajuda na
construção de uma cidade feliz.
E será que há cidades felizes?
É difícil garanti-lo, mas percebe-se que há cidades em que os seus
cidadãos se sentem particularmente bem, com boa qualidade de vida e
fortes sentimentos de pertença e de dádiva, respirando uma
felicidade coletiva, sem esquecer, que há sempre uns tantos
infelizes, como é das regras. E é isto que se deseja para Coimbra.
Pois bem, desejar um Ano Novo
Feliz para Coimbra será, também, fazer um voto de felicidades para
todos aqueles que a entendem como a sua cidade, e desejar que desse
somatório de concidadãos felizes vá emergindo a cidade de futuro
que ambicionamos e, por isso, FelixCidade de Coimbra!
Até para o ano! Feliz Ano Novo!
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