quinta-feira, 8 de março de 2018

BRIOSA


Gosto de futebol, gosto do jogo, do espetáculo e da emoção, mas confesso que me atrai particularmente a tentativa de perceber as opções táticas dos treinadores e as soluções técnicas que os jogadores inventam. É um exercício racional mas como tenho muito respeito pela minha ignorância e pelo trabalho, saber e inteligência dos outros não me levo muito a sério nestas apreciações e sou um fraco treinador de bancada.

Sou sócio da Académica há quase três décadas, sem interrupções e quotas em dia, apesar de algumas desilusões e tristezas vividas por razões de natureza institucional e ética ocorridas neste período, e que entendo a Académica e Coimbra não mereciam e deviam ter sido eliminadas de forma radical logo no primeiro momento.

Mas o mundo do futebol é complexo e por isso mantive-me sempre fiel à instituição aguardando tempos melhores. Ingenuidade à parte, falou mais alto a memória de valores, o orgulho de um passado único e de forma muito impressiva alguns homens com quem me cruzei profissionalmente e como autarca e que aprendi a admirar depois de os aplaudir como futebolistas.

Sei que falar só de alguns é injusto, mas não posso deixar de referir o professor Rodrigues Branco, o Marques, o Gervásio, o Manel António, os irmãos Campos, o Belo, o Rocha (esse “chinês” que fintava parado), o José Freixo e até o Alhinho e o Araújo que foram meus camaradas na tropa. Atletas de tempos diferentes - nunca vi jogar o professor Rodrigues Branco -, mas que tinham em comum o facto de me fazerem sentir que, para além da arte do futebol, havia uma coisa especial que os unia – a Briosa!

Hoje com uma liderança que tem sabido dar o protagonismo a jogadores e técnicos, sinto o renovado prazer de ir ver a Académica. Também os adeptos assumiram uma postura de entusiástico apoio e simultaneamente de grande civismo, nos bons e nos menos bons momentos, o que honra a Académica e ajuda na construção de uma Coimbra que se deseja mais vibrante e entusiasmante.

Quem não gosta ou não liga a isto do futebol pode achar desajustado este entusiástico futebolístico, mas, meus amigos, vivemos num mundo em que Barcelona ou os Manchesters são noticia diária a nível mundial levando a que as suas cidades sejam vistas como invejados locais de sonho e referência.

E, digam lá, será que uma Académica forte, ética e civicamente respeitada não é uma mais-valia para Coimbra?! Assim, face aos resultados desportivos e quando ainda falta vencer metade da montanha para conseguir a ambicionada subida torna-se extremamente importante um reforçado apoio da cidade e da academia, bem como de todos aqueles que gostam da Briosa e de Coimbra.

Fiz sócias da Académica, no dia em que nasceram, as minha netas, na convicção de que lhes deixo uma herança de memórias e valores que fazem parte integrante de uma instituição singular na já singular e fantástica cidade onde nasceram.





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