Gosto
de futebol, gosto
do jogo, do espetáculo e da emoção, mas confesso que me atrai
particularmente a tentativa de perceber as opções táticas dos
treinadores e as soluções técnicas que os jogadores inventam. É
um exercício racional mas como tenho muito respeito pela minha
ignorância e pelo trabalho, saber e inteligência dos outros não me
levo muito a sério nestas apreciações e
sou
um fraco treinador de bancada.
Sou
sócio da Académica há quase três décadas, sem interrupções e
quotas em dia, apesar de algumas desilusões e tristezas vividas por
razões de natureza institucional e ética ocorridas neste período,
e que entendo a Académica e Coimbra não mereciam e deviam ter sido
eliminadas de forma radical logo no primeiro momento.
Mas
o mundo do futebol é complexo e por
isso mantive-me sempre fiel à instituição aguardando
tempos melhores.
Ingenuidade à parte, falou mais alto a memória de valores, o
orgulho de um passado único e de forma muito impressiva alguns
homens com quem me cruzei profissionalmente e como autarca e que
aprendi a admirar
depois
de os aplaudir como futebolistas.
Sei
que falar só de alguns é injusto, mas não posso deixar de referir
o professor Rodrigues Branco, o Marques, o Gervásio, o Manel
António, os irmãos Campos, o Belo, o Rocha (esse “chinês” que
fintava parado), o José Freixo e até o Alhinho e o Araújo que
foram meus camaradas na tropa. Atletas
de tempos diferentes - nunca
vi jogar o professor Rodrigues Branco -, mas que tinham
em comum o facto de me fazerem sentir que, para além da arte do
futebol, havia uma
coisa especial
que os unia – a Briosa!
Hoje
com uma liderança que tem sabido
dar o protagonismo a jogadores e técnicos, sinto o renovado prazer
de ir ver
a Académica. Também
os adeptos assumiram uma postura de
entusiástico apoio
e simultaneamente de
grande civismo, nos bons e nos menos bons momentos, o
que
honra a Académica e ajuda na construção de uma Coimbra que se
deseja mais vibrante e entusiasmante.
Quem
não gosta ou não liga a isto do futebol pode achar desajustado este
entusiástico futebolístico, mas, meus amigos, vivemos num mundo em
que Barcelona ou os Manchesters são noticia diária a nível mundial
levando a que as suas cidades sejam vistas
como invejados
locais de sonho e referência.
E,
digam lá, será que uma Académica forte, ética e civicamente
respeitada não é uma mais-valia para Coimbra?! Assim,
face aos resultados desportivos e quando ainda falta
vencer
metade da montanha para conseguir a ambicionada subida torna-se
extremamente importante um reforçado apoio da cidade e da academia,
bem como de todos aqueles que gostam da Briosa e
de Coimbra.
Fiz
sócias da Académica, no dia em que nasceram, as minha netas, na
convicção
de que lhes
deixo
uma herança
de memórias e valores que fazem parte integrante de uma instituição
singular na já singular e fantástica cidade onde nasceram.
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