segunda-feira, 8 de março de 2010

Nós PECadores ...

Ora aí está! Finalmente habemus PEC! Está feita a vontade à Comissão Europeia, a políticos, economistas, banqueiros, agências de rating, comentadores, jornalistas, etc.

O PEC vai ser o nosso alimento político-mediático nos próximos dias. Sobre ele vão ser ditas as coisas mais contraditórias e suscitadas as maiores dúvidas e confusões. Choverão artigos e análises, propostas e propósitos, e o nosso quotidiano invernoso, provavelmente graças ao PEC, vai dar lugar a uma primavera prometedora.

Os candidatos à liderança do PSD argumentarão entre si sobre quem apoia ou não o PEC e os líderes dos diversos partidos farão sobre ele as mais profundas considerações evidenciando coerências ou contradições, com iguais bons fundamentos.

Proliferarão seminários sobre o PEC e dos mais diversos púlpitos serão proferidas sentenças e máximas que nos atordoarão os ouvidos e nos farão vir as lágrimas aos olhos.

Discutiremos, com segurança e profundo conhecimento, se o nosso PEC é melhor que o Grego, o espanhol, o Irlandês, etc

Nas empresas, nas fábricas, nas repartições públicas, nos mercados e nos cafés todos iremos falar com sabedoria ou rancor do PEC.

Haverá despachos de responsáveis de serviços a invocar o PEC para justificar as mais diversas decisões e as Câmaras Municipais irão argumentar com o PEC para aumentos de bens essenciais ou para se desculparem e não realizarem promessas essenciais.

Haverá fóruns nas rádios e televisões com lúcidas opiniões sobre o PEC na convicção de que se está falar dum Plano de Escutas e Coscuvilhices para ajudar uma determinada equipa a ser campeã nacional de futebol.

Mais, os mercados financeiros e os analistas internacionais irão analisar o nosso PEC e dizer de certeza segura se nos leva ou não por bom caminho e nos conduz à salvação.

Os mesmos mercados financeiros onde todas as manigâncias foram possíveis levando à crise financeira que induziu a crise económica e a crise social que vivemos e que agora nós "pecadores" encartados vamos ter de pagar.

Duma coisa podemos ficar certos, é de que o PEC é sem dúvida um Plano de Expiação Colectiva, sobretudo da classe média e dos trabalhadores por conta de outrem que, tolos como são, não podem fugir ao pagamento de impostos.

Pela minha parte só acho que há uma falha. Os PECs deviam ter uma numeração porque, ou me engano muito, depois deste concluído surgirá um outro e isso ajudava imenso porque evitava confusões. Uma coisa era estarmos a falar do PEC I ou do PEC III, tanto mais que a memória vai faltando.

1 comentário:

  1. Concordo consigo. Haja um PEC -Pecado Entre o Capital- que nos valha neste vale de lágrimas.
    Abraço

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