terça-feira, 16 de março de 2010

HOMENAGEM À LEI DA ROLHA

Nestes dias tão estranhos, em que se misturam coisas sérias com tontarias político-partidárias, proponho àqueles que "passam" por este blogue uns momentos de boa disposição.

Primeiro, agarrar nos "Contos Satíricos" de Mark Twain e depois colocar no leitor de cds "El sombrero de tres picos", do compositor Manuel de Falla.

Poderá parecer uma associação particularmente estranha mas vão ver que resulta bem. 

Para aguçar o apetite limito-me a transcrever um breve trecho de "O roubo do elefante branco", um elefante que se chamava Hassan-ben-Ali-ben-Selin-Abdalah-Mohamed-Moisés-Alhallmal-Jamset-Jjeeboy-Dhuleep-Sultão-Eb-Bhudpur e que tinha por alcunha Jumbo.

Tanto quanto se sabe o elefante não apareceu em Mafra nem a voz cristalina de Tereza Berganza ali foi ouvida.

Mas vamos a uns breves parágrafos da história enquanto ouvimos Manuel de Falla:
  "Fiz a descrição pedida e ele anutou tudo o que eu disse. Qunado terminei comentou:
 - Agora oiça e, se reparar nalgum erros, faça o favor de corrigir.
 Em seguida leu:
 - Altura seis metros. Comprimento do cimo da cabeça à inserção da cauda, oito metros. Comprimento da tromba: cinco metros. Comprimento da cauda: dois metros. Comprimento total, considerando a cabeça e a cauda: quinze metros. Comprimentos dos dentes: três metros. Orelhas proporcionadas com estas dimensões. Pegada semelhante à que fica impressa na neve quando se vira uma pipa. Cor do elefante: branco sujo. Possui um buraco do tamanho de um prato em cada orelha para inserção de jóias. Tem por questume, em grau muito acentuado, atirar água para cima dos espectadores e maltratar com a tromba não só as pessoas que conhece mas também mesmo as que lhe são absolutamente estranhas. Coxeia ligeiramente da pata traseira direita. Tem uma pequena cicatriz debaixo da axila esquerda, proveniente de um furúnculo antigo. Levava, quando foi roubado, uma torre com assentos para quinze pessoas e uma cobertura de pano dourado do tamanho de um tapete vulgar.
 Não havia qualquer erro. Então, o inspector-chefe tocou uma campainha, entregou o papel com estes dados a Alaric e disse:
 - Imprimir imediatamente 50.000 exemplares e enviá-los pela mala-posta a todos os serviços de segurança e a todas as lojas de penhores do continente.
Alaric retirou-se.
 - Por agora é tudo o que há a fazer. Precisamos que nos arranje uma fotografia do objecto roubado.
 Dei-lhe uma, que ele observou com ares de conhecedor; por fim, disse:
 - Não temos outro remédio senão contentar-nos com esta, visto não haver outra melhor. É pena ter a tromba metida na boca, porque isso pode levar a falsas pistas, visto ele não permanecer, evidentemente, sempre nessa posição."

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