terça-feira, 2 de março de 2010

DA CONVERGÊNCIA ESTRATÉGICA À COOPERAÇÃO ESTRATÉGICA

É óbvio que as oposições,  por razões e com finalidades diversas, actuam num contexto de convergência estratégica: todas combatem o governo.

As diferenças essenciais traduzem-se, contudo, no reconhecimento de que algumas serão sempre - e não desejam ser outra coisa - apenas oposição, porque isso faz parte da sua natureza e é condição da sua sobrevivência. Geralmente fazem um combate de guerrilha, com "emboscadas e flagelações", mas renegando o poder, que vêm como motivo de auto-destruição.

Outras, contudo, actuam numa perspectiva de conquista do poder e sentem-se mal na oposição, sofrem na oposição, porque é no exercício do poder que encontram a seiva e o cimento de estruturação partidária. São uma oposição que perfilha um combate clássico tendente a uma ocupação estável do terreno e de quem se espera inteligência, competência e sentido de Estado.

De há uns tempos para cá o PSD tem vindo a adoptar uma forma guerrilheira de oposição na tentativa, não só, de esconder as suas fragilidades internas, mas também, por não  ser capaz de encontrar o ponto de equilíbrio e de sustentabilidade política, face à ausência de um mínimo de consistência ideológica. Ritualiza o vazio e dança com os seus fantasmas.

Temos por isso uma frágil oposição de poder, guiada pelos sublinhados da revista diária da imprensa, feita por um qualquer assessor, que resolveu fragilizar-se ainda mais ao assumir  uma  efectiva cooperação estratégica com as oposições de contra-poder.

Prova disto é que depois do acto falhado da audição sobre o controlo da comunicação social, reflexo de uma evidente incompetência política, em vez de parar para pensar e de perceber a armadilha em que se meteu, resolveu associar-se ao BE na constituição de uma comissão de inquérito que, como toda a gente percebe, não é mais do que um acto persecutório ao primeiro ministro e de cujo resultado, como já notou o candidato e líder parlamentar do PSD, há que tirar consequências políticas - em todos os sentidos acrescentemos nós.

É difícil perceber a que cavaco se irão agarrar à medida em que vão chafurdando na lama.

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