Há um debate sobre o valor (ou os diversos valores) da cultura que de tempos a tempo ocorre, como um convidado sazonal que chega para ocupar parte do serão e que depois parte sem consequências.
No passado mês de Março foi apresentado à ministra da Cultura um estudo elaborado pelo professor Augusto Mateus: "O Sector Cultural e Criativo em Portugal", de que se poderá consultar um "Sumário Executivo" no sítio do Ministério da Cultura. Aí podemos obter, mais uma vez, de forma sintética um interessante conjunto de elementos para análise e ponderação sobre a importância da cultura.
Ontem o Público dava destaque a esse estudo, à política cultural (com uma entrevista à Ministra da Cultura) e fazia uma referência a sectores criativos que podem fazer crescer a economia.
O tema não é, como já disse, novo e aqui por Coimbra tem sido alvo de sucessivas abordagens motivadas, sobretudo, pela angustia de assistir à decadência cultural de uma cidade graças aos erros e à falta de visão da política autárquica seguida nos últimos anos, que foi destruindo paulatinamente o seu nervo cultural e cultivando a a mediocridade.
Politicamente os últimos 8 anos foram, sem dúvida, marcados, a nível autárquico, por um atroz distanciamento relativamente aquilo que é hoje o entendimento sobre a importância da cultura e à necessidade de definição de adequadas políticas públicas que potenciem o seu desenvolvimento consequente e sustentado.
Fruto dessa política cavou-se um fosso, cada vez maior, relativamente a Lisboa e ao Porto, e se estabelecermos um ranking cultural estou certo que Coimbra ficará muito abaixo da pretensa terceira cidade que ainda pretende ser.
No actual mandato autárquico a nomeação de uma nova vereadora da cultura suscitou expectativas positivas e acreditou-se que haveria um novo olhar e uma nova política cultural. Se a expectativa ainda se mantém é, contudo, necessário ter presente que o verdadeiro centro de decisão está na presidência da Câmara, para quem a cultura se resume a uma palavra circunstancial e a uma visão meramente instrumental em tempo eleitoral.
Um estudo interessante seria o de avaliar o valor da cultura para Coimbra e perceber como o desprezo a que tem sido votada tem levado a uma objectiva queda da cidade em termos económicos, de qualidade de vida e até académicos.
Hoje escolhem-se cidades e não países para viver, trabalhar, ou estudar e um dos factores determinantes de competitividade urbana é o cultural, por isso não é de admirar a reconhecida fuga da cidade.
Uma nota final, o responsável por essa decadência tem um rosto.
Hoje escolhem-se cidades e não países para viver, trabalhar, ou estudar e um dos factores determinantes de competitividade urbana é o cultural, por isso não é de admirar a reconhecida fuga da cidade.
Uma nota final, o responsável por essa decadência tem um rosto.
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