quinta-feira, 4 de março de 2010

O CENTRO DO MUNDO NÃO É AQUI

Há uns anos, numa passagem/visita a Perpignan, deparei-me com uma faixa colocada na frontaria da estação de caminho de ferro, com a frase "Centre du Monde d'Áprès Dali". Frase de que nunca mais esqueci.

Ouvi algumas explicações para essa afirmação. Alguns afirmaram-me que tinha a ver com o facto da estação ser um ponto de chegada de artistas e intelectuais espanhóis, particularmente catalães, que  ao sair/fugir da Espanha franquista era ali que sentiam o inebriante perfume da liberdade.

Mas a explicação dá-a o próprio Dali, no seu quadro "A Gare de Perpignan" e  quando diz: « C’est toujours à la gare de Perpignan, au moment où Gala fait enregistrer les tableaux qui nous suivent en train, que me viennent les idées les plus géniales de ma vie. Quelques kilomètres avant déjà, au Boulou, mon cerveau commence à se mettre en branle, mais l’arrivée à la gare de Perpignan est l’occasion d’une véritable éjaculation mentale qui atteint alors sa plus grande et sublime hauteur spéculative. »

Seja como for, a visão de uma estação de caminho de ferro que motiva "as ideias mais geniais" de uma vida é qualquer coisa de extraordinário.

Por aqui sou capaz de acreditar que quem chega a Coimbra B entra em processo depressivo e acredita que está num recôndito canto do mundo.

Sem comentários:

Enviar um comentário