segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

LIBERDADES

Temos sido confrontados, por estes dias, com um aceso e imprevisto debate sobre liberdades: a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade do crime de violação do segredo de justiça, a liberdade de suspeição, a liberdade de insulto, etc. havendo quem diga, no meio de toda esta discussão, que não há liberdade.

E por que é que chegámos aqui, a uma discussão que parece surreal, e quem beneficia com tudo isto?

Duas respostas, pelo menos duas, parecem evidentes. A primeira tem a ver com a fraca qualidade da maioria dos actores políticos que, através de um processo de selecção perverso, ascenderam aos diversos níveis partidários e de poder. A segunda, o interesse de um certo poder económico que sabe melhor do que ninguém aproveitar a confusão e as fragilidades do poder político para realizar os seus negócios em paz.

Se a este quadro adicionarmos uma pitada de luta empresarial, particularmente a que se regista no campo dos media, teremos algumas das explicações para a confusão reinante e para as cenas de opereta de ver na abertura dos telejornais um casal "mediaticamente impoluto" a pedir a demissão do primeiro ministro - como se representassem os cidadãos deste país e os substituíssem em nome da liberdade da sua opinião -, e ouvir  a proposta hilariante do presidente do Governo Regional da Madeira da constituição de um governo de "Compromisso Histórico", surgido de um acordo entre o PSD, o CDS, o BE e a CDU, mas que radica em surpreendentes votações convergentes destes partidos.

Pois bem, a discussão sobre liberdades mais não reflecte que a existência de liberdades e um conjunto de manobras de diversão políticas e económicas que eventualmente se entrecruzam.

O resultado final é, contudo, dramático para todos nós, porque nos prejudica colectivamente, nos distrai do essencial e nos desmobiliza perante os problemas reais com que nos confrontamos.

Mas somos assim e amanhã recomeçaremos uma outra discussão absurda, cheios de comiseração por nós próprios por não sermos capazes de convergir em termos de desenvolvimento, que invejamos, com os nossos vizinhos europeus, ainda que os ultrapassemos em número de telemóveis, de caixas multibanco e, decerto, de  fóruns mediáticos de propensão masoquista.

Sem comentários:

Enviar um comentário