É óbvio o meu desencanto com o que se vem passando no PS Coimbra nestes últimos anos. Tenho-o dito e escrito. Aliás, tenho-me perguntado, repetidas vezes, porque continuo a ser militante. Talvez porque lá no fundo continue a acreditar que o projecto político de solidariedade, fraternidade e desenvolvimento, que ambiciono, para o país e para a minha cidade só será possível com o PS e através do PS. No entanto, a cada dia que passa, não vislumbro motivos de esperança, nem expectativas de que as coisas se alterem.
A nível local desde há muito que entendo que só com uma ruptura profunda com as práticas políticas e uma mudança significativa de dirigentes é possível uma “regeneração” e uma retoma de credibilidade.
O que leio e vejo nestes momentos preparatórios de uma nova disputa concelhia não me deixam, para já, acreditar que essa ruptura venha a acontecer.
Como partido de oposição à gestão autárquica o PS não existe, como aliás seria de prever. Há autarcas do PS que dão o seu melhor mas partidariamente há um vazio. Dir-se-á que este é um tempo pré-eleitoral e que depois é que vai ser. Tenho dúvidas, mas logo se verá.
A nível nacional é evidente que o PS se deixou, de alguma forma, aprisionar por casos menores e não tem tido a capacidade de resposta política que se impunha. Dir-se-á que o epicentro das dificuldades está no Governo. Não deixa de ser verdade, assim como não deixa de ser verdade que é nestes momentos que se ganha o futuro porque neles se vê verdadeiramente a capacidade política colectiva e a competência partidária.
As questões à volta da ausência de ética, de envolvimento em “negócios” perigosos, de conflitualidade com a imprensa e de tentativas de a condicionar, são razões mais que suficientes para uma profunda preocupação. A sorte é não haver uma Oposição mas oposições e, espantosamente, estarmos em crise. Mas estas são más razões para ter sorte.
Por mais que alguns não queiram, reina a confusão e há um acantonamento partidário por parte do PS, remetido a uma obrigação de resposta mas sem capacidade de antecipação e de liderança política.
O PS não demonstra ter uma agenda política convincente, perceptível pelos cidadãos, para enfrentar a crise e dar-lhe a adequada resposta de esquerda, que tantos desejariam.
Podemos evidenciar, sem grande dificuldade, as debilidades dos nossos adversários políticos, as contradições e a inconsequência da sua prática política, mas subsiste a dificuldade de sermos convincentes na apresentação de uma verdadeira resposta de esperança e de combate ao desencanto que vai grassando.
Há uma ausência de combate por valores e, por vezes, um zizaguear em questões essenciais que fragilizam e desmobilizam vontades e combatentes.
Falta alma ao PS!
Na vida há tempo para tudo. A política infelizmente já é passado e tão desinteressante que ela se tornou.. infelizmente porque ela é necessária.
ResponderEliminarContinuar ser de esquerda (ainda que nos tempos de hoje não se saiba muito bem o que significa) não obriga possuir cartão.
Admiro-lhe a persistência... mas não lhe gabo a teimosia.
abraço.
migl