sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

COIMBRA E O EURO 2004. A VERDADE A QUE TEMOS DIREITO.

A comunicação social tem vindo a dar conta da utilização e dos encargos com os estádios que foram construídos no âmbito do EURO 2004.

Inexplicavelmente têm sido referidos 10 estádios quando isso não corresponde à verdade, assim como têm sido apontados custos e modos de exploração incompletos. Isto sem falar nos benefícios decorrentes da realização do referido evento desportivo, o que não permite uma avaliação correcto de tudo o que esteve e está em causa.

Mas vamos ao número de estádios e à participação de Coimbra.

Na verdade a realização do EURO 2004 no nosso país levou à construção de 11 estádios, ainda que a candidatura apresentada à UEFA contemplasse apenas 10 estádios. O 11.º estádio, construído na altura, foi o Estádio Sérgio Conceição, em Taveiro.

Enquanto noutras cidades foi possível encontrar soluções para a realização dos jogos das equipas que utilizavam os estádios em reformulação em Coimbra, isso não aconteceu. Enquanto, por exemplo, o União de Leiria jogava na Marinha Grande, em Coimbra, a Académica não podia jogar noutro sítio a não ser mesmo em Coimbra e por isso, apesar de haver aqui um Estádio Universitário que poderia ter sido melhorado, como bem precisava e precisa, entendeu que a melhor solução era construir mais um novo estádio e assim surgiu o 11.º estádio.

Foi um estádio – definido como uma “obra exemplar” pelo Dr. Carlos Encarnação –, construído de forma sui generis: em terrenos privados com uso previsto em PDM para fins diferentes; com base num protocolo especial que acabou por não ser cumprido tal como foi acordado; num modelo chave na mão; e sem que tenha havido qualquer estudo de enquadramento e de planeamento das acessibilidades.

Foi um estádio construído por um presidente que criticava as verbas que estavam a ser gastas com a renovação do Estádio Municipal e que mereceu a honra da presença na sua inauguração do ministro de um governo que contestava os custos com novos estádios, o Dr. Marques Mendes.

Houve festa grossa, o estádio foi baptizado Sérgio Conceição, sem se perceber bem porquê – ainda hoje não se percebe –, foi pago única exclusivamente pela Câmara, que nessa altura tinha dinheiro graças às disponibilidades financeiras que tinha herdado do Executivo anterior, e foi “acrescentado” durante meses com bancadas amovíveis alugadas, o que levou a que no total tenha custado cerca de um milhão de contos.

O Dr. Carlos Encarnação que tanto fala das obras do Estádio Municipal, contra as quais estava pelos seus custos, esconde sempre esta construção e os seus custos.

Mas o Dr. Carlos Encarnação também esconde outras coisas – decisões exclusivamente suas – correlacionadas com todo este processo. Primeiro nunca fala nos benefícios para a cidade pela participação no EURO 2004. Depois nunca diz que fez três inaugurações do Estádio Municipal renovado – o tal seu ódio de estimação –, que rebaptizou como Estádio Cidade de Coimbra.

Mais, esquece-se sempre de dizer que adjudicou através de um “estranho” concurso o Projecto EuroStadium, com o argumento de que se destinava a salvar as finanças da Câmara e, finalmente, esquece-se de dizer que com base nesse famoso Projecto permitiu a destruição de um espaço consolidado da cidade – a Praça Heróis do Ultramar – e a construção de um centro comercial e de apartamentos privados – mais de duzentos – em terrenos municipais. 

Também nunca fala nos encargos assumidos com infra-estruturas necessárias ao Centro Comercial e aos apartamentos e quem as pagou, nem nas mais valias que o promotor privado conseguiu com o uso de terrenos municipais e que terão sido de alguns milhões de euros.

Anda de novo o Dr. Carlos Encarnação a clamar contra os custos do Estádio, que passou a Estádio Finibanco por iniciativa da Académica, a quem “entregou” o Estádio quando o seu presidente era director municipal do urbanismo e que agora até quer construir um novo estádio, e por quê? Por que é que o Dr. Carlos Encarnação anda tão afobado a falar dos custos do Estádio?

A resposta é simples. O Dr. Carlos Encarnação deu cabo das finanças da Câmara, já renegociou uma ou duas vezes o empréstimo para as obras do Estádio, que teria sido bem menor se não tem construído a sua obra exemplar em Taveiro, e quer arranjar uma desculpa para os seus clamorosos erros de gestão que levaram às dificuldades financeiras que a Câmara vai sentindo com maior intensidade.

Sobre todos estes processos e ainda sobre o modelo e as implicações da cedência do Estádio Cidade de Coimbra ou Estádio Finibanco à Académica – que será até 2014 – era fundamental fazer uma auditoria profunda e circunstanciada para que se ficasse a saber, com clareza, afinal tudo o que se passou em Coimbra à volta deste processo e das suas consequências para a futura gestão autárquica, a que o Dr. Carlos Encarnação já não pertencerá.

Era fundamental conhecer toda a verdade sobre estes processos e verificar os fundamentos de gravosas decisões para a cidade que utilizam a participação de Coimbra no EURO 2004 como bode expiatório.

Os munícipes de Coimbra precisam de saber a verdade sobre tudo isto.

(Artigo publicado no Diário de Coimbra, em12 de Fevereiro de 2010)

 
Está disponível para subscrição on line uma:

Petição Pela Verdade Sobre o Euro 2004 em Coimbra 

http://www.peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2010N1256

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