sábado, 20 de fevereiro de 2010

A ARTE DA PRUDÊNCIA - 29

Ser íntegro.

É necessário estar sempre do lado da razão com tanta convicção que nem a paixão do vulgo, nem a força da violência obriguem jamais a transpor a fronteira da razão. Mas quem será esta fénix da equidade? A integridade tem poucos seguidores constantes. Muitos a elogiam, mas não em sua casa. Outros seguem-na até perigo: ali, os falsos negam-na e os políticos encobrem-na. Ela não tem inconveniente em opôr-se à amizade, ao poder, e mesmo à própria conveniência: este é o momento crítico para a ignorar. Os astutos estabelecem distinções com aplaudidas subtilezas para não a maltratar, quer por motivos superiores, quer por razões de Estado. No entanto, o homem constante considera a dissimulação uma traição e dá mais valor à tenacidade que à sagacidade; está do lado da verdade e, se se afasta dos outros não é por inconstância, mas porque eles abandonaram a verdade primeiro.

A Arte da Prudência
Baltasar Gracián

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