Se atentarmos na génese e nas características da actual crise teremos de concluir que toda ela é uma crise do sistema capitalista.
Feito o diagnóstico, em larga medida pelos autores da maleita, verifica-se que os remédios prescritos, também por eles, mas com largo acolhimento nos fazedores de opinião e nos media, fazem parte da farmacopeia usada pelos mesmos.
Só que os tais remédios mais não representam que um agravar da doença dado que para o crescimento económico defendem a diminuição do investimento e para o combate ao desemprego receitam mais precariedade e menor protecção social. Digamos que os magarefes se apresentam como reputados
cirurgiões prontos a cerzir os tecidos que foram destruindo, ainda que com mais golpes de
cutelo.
Contudo no nosso país tais "doutores" limitam-se a apregoar as prescrições e não têm coragem de ser eles próprios a fazê-las e a aplicá-las. Refugiam-se na crise para não avançarem dizendo que não se deve acrescentar uma crise política a uma crise económica.
Claro que esta é uma leitura profundamente hipócrita. Primeiro por um conceito democrático, dado que a superação de uma crise num regime democrático não se funda no medo, mas sustenta-se na alternância de programas, propostas e de acção política. Depois porque não é claro que não exista já hoje uma verdadeira e singular crise política no nosso país, com um governo minoritário a ser permanentemente condicionado à esquerda e à direita, com uma oposição de mero desgaste partidário e um incumbente presidente da República. Finalmente, porque por essa Europa fora vai havendo eleições sem que isso acrescente o apregoado dramatismo económico.
Em conclusão, o ambiente hipócrita que se vive, de todos não querem o que querem, reflecte uma enorme cobardia política, nomeadamente dos partidos de direita: PSD e CDS, que assumem uma posição de pura guerrilha institucional, flagelando o governo, sem coragem de assumirem claramente a vontade de governarem, para mais agora quando até têm as sondagens favoráveis com que andarem a sonhar durante anos e que serviram para derrubar sucessivos líderes.
Aliás a nossa direita é uma direita de cuco que mais não pretende do que incubar os seus ovos políticos no PS para que este os alimente e crie sem que ela tenha esse trabalho.
Aliás a nossa direita é uma direita de cuco que mais não pretende do que incubar os seus ovos políticos no PS para que este os alimente e crie sem que ela tenha esse trabalho.
Em política é preciso ter coragem, o que actual direita demonstra não ter. Talvez esteja a cometer um erro que lhe vai sair caro nas próximas eleições, como obviamente espero.
Caro João Silva
ResponderEliminarDe acordo com o seu texto que faz uma analise muito realista.
Apenas tenho o receio de que os ovos do cuco já tenham incubado, pelo menos em parte do PS, como refere no seu penultimo parágrafo.
Abraço