quinta-feira, 3 de junho de 2010

A AMNÉSIA PRESIDENCIAL É CONTAGIOSA?


Quem lê os relatos na imprensa do julgamento do director municipal que também era presidente da Académica/OAF, tem um mínimo de conhecimento de como as coisas se passam no âmbito autárquico e na Câmara de Coimbra, fica na dúvida se não se estará perante peças de ficção da autoria dos jornalistas. 

O que leva a acreditar que os relatos não são ficcionados é que são todos iguais e, sobretudo, porque a Câmara de Coimbra era no momento, como ainda é, presidida pelo Dr. Carlos Encarnação. 

Aliás, é sobretudo este último facto que dá maior credibilidade aos relatos porque como bem sabem, todos aqueles que têm privado mais de perto com o presidente da Câmara, este nunca sabe de nada, não ouviu nada, não é responsável por nada, tendo apenas a convicção de que haja o  problema que houver é coisa que já devia ter sido resolvida há trinta anos.

Não é por isso de estranhar que toda a gente  que vai ao Tribunal esteja confusa ou sofra de amnésia. Na verdade a maioria não se conhece nunca se encontrou e só contribuiu com donativos para a Académica/OAF porque não sabia que o seu presidente era simultaneamente director municipal do urbanismo. Aliás muitos terão tido ataques de espanto quando descobriram esta dupla condição. O próprio Dr. Carlos Encarnação não sabia da situação..., foi induzido erradamente na nomeação pelo "malandro" do vereador do urbanismo.

Mesmo quando foi repetidamente questionado sobre o assunto na Assembleia Municipal sempre pensou que estavam a falar de outra pessoa, porventura, do presidente de um clube de petanca ou de uma associação de excursionistas, que não precisava para nada de apoios para as suas actividades.

Agora acreditem, a ignorância dos processos pelo Dr. Carlos Encarnação é verdadeira!

Por exemplo o Dr. Carlos Encarnação não sabia que seu primeiro vice-presidente era presidente da ACIC e que acumulava estas funções com outras em empresas privadas. Tudo legal é claro,  nada de promiscuidades...

E também ignora que nomeou um chefe de divisão para os Recursos Humanos - que enxameou a Câmara de pessoal "devidamente" escolhido, tendo chegado a organizar um concurso para chefes de repartição cujos lugares já estavam extintos -, que era vereador pelo seu partido noutra Câmara e a quem mandou pagar como director municipal, tudo isto com um despacho seu  em que por acaso se esqueceu de colocar a data.

O Dr. Carlos Encarnação é pois um caso de amnésia em estado puro, que merece estudo. E, este estado de desconhecimento de evidências acabou por se propagar na Praça 8 de Maio com surpreendente rapidez, assim como a bagunça que se instalou na área urbanística e de que apenas vão sendo aflorados casos. O que não terá acontecido em todos estes anos?

Enfim, são tantas as faltas de memória que não há espaço para recordar tudo. 

Veja-se que, como recentemente foi noticiado, até se "esqueceu" de que havia sobreiros no espaço que andou a prometer para a construção do Quartel dos Bombeiros Voluntários, depois de ter inviabilizado - já lá vão nove anos - uma solução já aprovada, deixando no fim dos seus mandatos por resolver um problema que já devia estar resolvido há trinta anos.

Como é que no meio disto tudo os empresários da construção civil que tiveram relações com a Câmara nestes mandatos, bem como o ex-vice-presidente com o pelouro do urbanismo, se podem lembrar de alguma coisa ou não estar confusos?

Ou me engano muito ou o Tribunal ainda acaba por arquivar o processo porque vai chegar à conclusão de que tudo se passou noutra Câmara, com outro presidente, outro vice-presidente e que os edifícios de que se fala não passam de construções na areia.

Mas será que o Dr. Carlos Encarnação é presidente da Câmara de Coimbra há nove anos!? Será que ele se lembra? E será que a amnésia presidencial é contagiosa?

2 comentários:

  1. Este post merecia ser primeira página de um jornal nacional.

    Não basta a imprensa regional para tamanha amnésia.

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  2. Lindo, lindo, lindo !
    Cá para mim, também concordo com o comentário anterior.
    Este Homem devia "aparecer" mais vezes. Quando o encontro, pico-o sempre.

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