Os partidos conservadores e de direita vão tomando conta do poder na Europa: Alemanha, Hungria, Inglaterra e agora Holanda são disso exemplo.
Tendo em conta o contexto de crise capitalista e as graves consequências que daí advêm para a maioria dos eleitores, são estranhas estas vitórias eleitorais dado que são exactamente aqueles partidos os grandes advogados das políticas que conduziram ao actual estado de coisas.
Mais, é estranho o triunfo por toda a Europa daqueles partidos que vêm pondo em causa o modelo social europeu quando este era o grande garante de uma sociedade mais avançada em termos de qualidade de vida e de respeito pelos direitos humanos.
Reconhecendo que o capitalismo é criador de desigualdades, portador de irracionalidades e fautor de crises, como esta que a todos afecta profundamente, pergunta-se o porquê desta aposta dos eleitores nos partidos conservadores e de direita que defendem uma acentuada lógica de mercado, de desregulação laboral e de protecção de interesses e fins privados e ainda a uma perturbadora neutralização do poder do Estado, reclamando um estado mínimo o que equivale a dizer uma sociedade mínima.
Para quem ainda se entende de esquerda e continua a acreditar em determinados valores, os tempos não são fáceis e há dificuldades de encontro com políticas coerentes e consistentes, que respondam efectivamente aos problemas que esta grave crise, com origem no capitalismo financeiro e numa mundialização desregulada nos trouxe e que nos desafia a adoptar e a adaptar uma expressão bíblica: afastem de mim este cálice.
Apesar de tudo isto, nós por cá, ainda temos de acrescentar tristemente a estas dificuldades uma estéril competição de "esquerdas" que inferniza o ambiente, inviabiliza qualquer debate sério e impede qualquer acordo de governação.
Em nome duma "esquerda moderna", duma "esquerda verdadeira" ou de uma "esquerda que resiste" vamos enterrando a esquerda e assistindo ao triunfo de uma direita que se apronta para chegar ao poder fresca e sem desgaste, ainda que incompetente e sem mérito.
Não será isto um verdadeiro suicídio político? Todos sabem que sim, mas há um irracional egoísmo partidário e uma incapacidade de diálogo - que todos tanto reclamam - que é verdadeiramente chocante.
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