quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A PREPARAÇÃO DO ORÇAMENTO

Vamos entrar no debate sobre o "Orçamento do Estado para 2010" e porque antes de aprovar um documento desta importância é necessário tomar em consideração o impacto real que terá nas pessoas, transcrevo a seguir, para reflexão, uma breve "confissão" de Peter Drucker.

"Não aceito a premissa de base na qual a economia como disciplina se fundamenta e sem a qual não pode ser sustentada. Não aceito que a esfera económica seja uma esfera independente, para não falar do facto de ser a esfera dominante. É, seguramente, uma esfera importante. Conforme Bertold Brecht disse, "primeiro a alimentação e depois a moralidade" - e encher a barriga é aquilo a que a economia se cinge, de um modo geral. Não só desejo mas também insisto para que, em todas as decisões política e sociais, os custos económicos sejam calculados e tomados em consideração. Considero uma irresponsabilidade e com tendência para o desastre o facto de se poder falar apenas de "vantagens". Acredito nos mercados livres, depois de já ter demasiado do que existe em termos de alternativas.


Na minha opinião a esfera económica é uma esfera em vez de a esfera. As considerações económicas são condicionalismos em vez de determinantes primordiais. As necessidades económicas e as satisfações económicas são importantes mas não absolutas. Acima de tudo, as actividades económicas, as instituições económicas, a racionalidade económica, são meios para se atingirem fins não-económicos (isto é, humanos e sociais) em vez de serem fins em si mesmos. Isto significa que não vejo a economia como uma "ciência" autónoma. Resumindo, não sou um economista - algo que aprendi desde que, em 1934, quando era um jovem economista num banco londrino, assistia aos seminários de John Mayard Keynes, em Cambridge. De repente apercebi-me que Keynes estava interessado no comportamento das mercadorias, enquanto eu estava interessado no comportamento das pessoas."

1 comentário:

  1. Efectivamente, a economia não pode ser focalizada no lucro, puro e bruto. Não pode ser um fim, mas um meio. Um meio para alcançar o bem estar social, em geral, através da geração de riqueza, sem nunca esquecer a dignificação das pessoas, compensando, cada um, segundo a sua capacidade e habilidade, em conformidade com o que cada um contribui para a geração dessa riqueza e não à custa de muitos empregos sem salários ou de salários desajustados e onde a desumanização e o assédio psicológico impera; criando fossos e desigualdades que dão origem a descontentamentos, injustiças, revoltas e, porventura, a guerra!...
    A escola Keynesiana fundamenta-se no princípio de que o ciclo económico não é auto-regulador como até aí se pensava uma vez que é determinado pelo "espírito animal" dos empresários (citação). É, por isso, e pela ineficiência do sistema capitalista na criação de emprego que Keynes defende a intervenção do Estado na economia. Na minha opinião, não como alternativa à iniciativa privada mas como regulador... E há sectores dos quais nunca deve afastar-se: - saúde, educação, água, energia... e até mercado financeiro.
    A.Vaz

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