quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

UM CASO DE POLÍCIA

Não é por acaso o que tem vindo a acontecer na Polícia Municipal. É o resultado do modelo de gestão autárquica que sem sendo protagonizado pelo actual presidente da Câmara e iniciado em 2002.

Os sucessivos problemas internos, os processos de inquérito e a forma como foram sendo conduzidos, e, sobretudo, a dança dos Comandantes, reflectem exemplarmente em foi transformada a Câmara de Coimbra.

Ali, onde há um quadro de pessoal feito à medida duma determinada clientela política, com os subsequentes processos de selecção “dirigidos” de modo tão “objectivo”, é evidente que os resultados, por muito que se tente esconder, vão aparecendo.

A destruição do nervo ético e até moral, levada a cabo desde os primórdios de 2002, por responsabilidade do actual presidente, são uma das razões fundamentais para um “sub-mundo” relacional e funcional, que se presta a todas estas “confusões”.

Numa Câmara em que foi possível assistir ao florescer de tantos e tantos casos, chegando-se a desconfianças de corrupção, sem uma intervenção determinada e rápida do seu principal responsável e em que se ouviram graves acusações do ex-vice-presidente ao carácter do presidente sem resposta deste, não é possível deixar de encontrar problemas e múltiplos abcessos.

Quando falta o exemplo, ou, melhor, quando o exemplo é o que se conhece, há uma óbvia propensão de alguns daqueles quem estão abaixo de reproduzirem os exemplos que vêm de cima e não merece a pena tentar transformar a Câmara num bunker, porque as brechas vão aparecendo e, por vezes, ainda com maior intensidade.

Não espanta, por isso, olhar para agentes(?) da Polícia Municipal que se adivinha perdidos, sem perceberem o seu papel e o seu trabalho, sem capacidade de expressão de uma autoridade que devia ser natural e que a sua função devia implicar. Nalguns casos notam-se displicentes, mal fardados, inconsequentes na sua acção. Não se lhes percebe a dignidade do exercício do serviço público em que estão investidos.

É que eles não sentem, por mais diligentes e empenhados profissionalmente que sejam, que estão a exercer actos de autoridade cidadã, quando o responsável máximo da instituição de que dependem não tem mais do que uma autoridade política formal (foi democraticamente eleito) faltando-lhe a autoridade que decorre da ética, de princípios e de valores e duma prática consentânea com esses valores.

Mais do que uma solução e ajuda para a resolução de alguns dos problemas da cidade a Polícia Municipal, para além dos elevados custos financeiros que representa, foi transformada, ela própria, em mais um problema. A ineficácia da sua acção, naquilo que foi o objectivo central da sua criação, é patente. Os custos de imagem para a autarquia e para a cidade vão levar muito tempo a ser ultrapassados.

Pergunte-se aos cidadãos qual é a imagem que têm da Polícia Municipal de Coimbra e veja-se a resposta.
Agora haverá mais um caso com o concurso de recrutamento de um novo comandante e, seja qual for o resultado, é mais do que evidente que ficará uma nova ferida naquela que devia ser uma unidade operacional do Município, sem mácula.

Parece que será necessário chamar a polícia para deslindar tudo o que se tem passado na Polícia Municipal. Este é um daqueles dossiers a que se pode chamar, com propriedade, um verdadeiro caso de polícia.

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