- Obama é um tolo, disse o presidente, um inexperiente. Então ele não sabe que um presidente nunca deve assumir uma responsabilidade desagradável.
O vereador espreitou para o jornal e viu a notícia que irritara o presidente. O presidente dos EUA tinha, ele próprio, assumido publicamente as responsabilidades pelas falhas dos serviços de segurança na detecção e prisão do cidadão que tentou fazer explodir um avião. O vereador calou-se e aguardou.
- Sabe, meu caro, vamos ter de instalar, com a máxima urgência, scanners corporais na Baixa. Nem que seja necessário fazer uma alteração orçamental, recorrer ao QREN... O que for preciso.
O vereador ficou espantado. Temeroso, arriscou: scanners corporais na Baixa, senhor presidente?
- Isso mesmo. Comigo a segurança está acima de tudo. Até pode ruir um prédio, mas isso é secundário ao pé da segurança na Baixa. Não vê como a Baixa está movimentada à noite e o comércio foi salvo graças às câmaras de videovigilância!?
- Mas, senhor presidente, onde é que quer colocar os tais scanners?
- Olhe nas entradas da Baixa. Em todas. Aliás, até devem ser colocadas algumas na Fernão de Magalhães.
- Na Fernão de Magalhães. Mas há alguma razão especial para colocar scanners corporais na Fernão de Magalhães - perguntou intrigado o vereador.
- Sabe, eu tenho cá umas desconfianças e não quero ser apanhado desprevenido. Tenho visto, à noite, umas senhoras por aqueles lados, a sorrir quem passa, de saia curta e eu desconfio de que elas escondem alguma coisa.
O vereador ficou mudo e levantou-se para sair.
- Ah, já agora - acrescentou o presidente -, era bom começar de imediato a vistoriar os carros das castanhas assadas. Aquilo faz muito fumo e nunca se sabe se não podem explodir e já viu se atingem, por exemplo, um Deputado que vai a passar e que tanto trabalho deu a eleger. Como é que um pai se sentiria.
O vereador retirou-se. Não sabia se devia tomar um chá ou um café.
Nota: Qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
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