quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O PRESÉPIO FOI ENCAIXOTADO

Acabou o Presépio na Praça 8 de Maio. Acabou-se a cabana naturalista, as moedas de esmola roubadas e a guarda persistente dos Carlitos. Ficámos órfãos da descrição dos tratos de polé e das peripécias que envolviam as imagens e que eram descritas de forma tão colorida pelo ex-vereador da Cultura Popular.

Desculpem um parêntesis mas é necessário referir, mais uma vez, que o Dr. Mário Nunes foi designado vereador da Cultura Popular em despacho de delegação de competências assinado pelo presidente da Câmara e é assim que ficará oficialmente, como caso único, na história da nossa Câmara. Não se trata, portanto, de uma qualquer afirmação acintosa ou depreciativa da minha parte. O autor da qualificação foi o próprio presidente da Câmara.

Mas adiante. Depois de 8 anos, de dois mandatos consecutivos com o mesmo presidente e o mesmo vereador, o Presépio não foi instalado na Praça 8 de Maio. Não terá sido por qualquer perseguição movida por um novo Herodes à Sagrada Família, nem porque o ex-vereador da Cultura Popular o tenha escondido. Também não terá sido por razões de segurança, porque agora a Baixa até tem videovigilância. E também não terá sido um acto menor.

A ausência do Presépio na Praça 8 de Maio é um sinal. Uma ruptura com o passado no que toca à política cultural da Câmara, o reflexo de uma nova e diferente visão estética da ocupação do espaço público. É, sem dúvida, o símbolo mais expressivo do fim da marca Mário Nunes na política cultural autárquica.

Temos agora uma expectativa positiva relativamente à política cultural autárquica atendendo à personalidade e ao currículo da Vereadora da Cultura a Professora Maria José Azevedo Assim lhe permitam as condições necessárias ao exercício de um mandato consentâneo com as suas ambições e as necessidades da cidade.

Dificuldades não lhe faltarão, particularmente dificuldades internas, apesar de todas as promessas que lhe tenham feito. É que a vereadora da Cultura vai ter de se confrontar com o facto de integrar um Executivo politicamente fraco, liderado por um presidente desgastado que, por isso mesmo, tenderá a centralizar e a controlar cada vez mais toda a actividade autárquica. Uma Câmara financeiramente exaurida e profundamente endividada, com uma orgânica monstruosa que lhe suga os meios e a enreda em burocracia e, ainda, o descrédito de oito anos de uma evidente falhada política cultural.

Vamos aguardar pelo Plano de Actividades e Orçamento para o próximo ano para ver até que ponto há uma nova atitude relativamente á actividade cultural, mas, mais do que isso, vamos aguardar pelos próximos meses para ver na prática como e em que sentido vai caminhar o actual Executivo na área cultural.

Aliás, neste momento, a única área da gestão autárquica relativamente à qual há uma expectativa positiva é a área cultural, de resto, não há muito a esperar. O fechamento da Câmara é um evidente sintoma de incapacidade e de entorpecimento político e a expressão de uma mais intensa personalização pelo presidente da actividade autárquica.

A “Câmara sou Eu” é o lema do presidente Carlos Encarnação. Os mais jovens e inexperientes vereadores que tenham isto em atenção e que se cuidem.

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