quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A ARTE DA PRUDÊNCIA - 9


Iludir os defeitos da sua nação.

A Água participa das qualidades, boas ou más, dos leitos por onde passa, e o homem participadas do clima do lugar onde nasce. Uns mais que outros estão em dívida para com a sua pátria, uma vez que lhes proporcionou aí um céu mais favorável. Nenhuma nação está isenta de algum defeito inato, masmo a mais culta, defeito que os Estados vizinhos censuram por cautela ou por consolo. Corrigir, ou, pelo menos, dissimular esses defeitos, é um triunfo; com isto se alcança a reputação plausível de único entre os seus, uma vez que é sempre mais apreciado aquilo que menos se espera. Há também defeitos de família, de estado, de ocupação e de idade; se coincidem todos num mesmo sujeito, e não se previnem com prudência, criam um monstro intolerável.

A Arte da Prudência
Baltasar Gracián  

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