sexta-feira, 9 de abril de 2010

A INFORMAÇÃO E A IMPRENSA



Há, desde há muito, um debate  sobre a informação, o jornalismo, a imprensa, a crítica e as suas implicações políticas. 

Aliás, sobre esta matéria, há todo um manancial de estudos académicos que sustentarão muitas horas de leitura e fundamentarão muitas e boas opiniões, pelo que não me atrevo a entrar na discussão.

Contudo, na impossibilidade de não pudermos deixar de pensar no assunto, transcrevo a seguir algumas afirmações, sobre o tema, de Boris Vian - um homem desassombrado e multifacetado -, produzidas em meados do século passado.

"A imprensa francesa dá provas de uma imparcialidade revoltante e só trata, invariavelmente, os mesmos assuntos: os políticos e os outros criminosos."

"Há tantos caquéticos que têm vontade de falar que seria pecado querer amordaçar esses bons velhos bufos. Mais vale amordaçar a canção, limitar a sua frequência de passagem nas ondas, e dar oportunidade aos professores em busca de auditório ou aos economistas que não têm a sorte de ser ditadores para pôr em prática as suas teorias. Sem contar que o governo também lá está, com a sua interpretação tão pessoal do que é a informação objectiva."

"Dizer idiotices, por estes dias  em que toda a gente reflecte profundamente, é a única forma de provar que temos um pensamento livre e independente."

"Para mim, a mais elevada preocupação do meu tempo é denunciar os mentirosos e os escroques, os escroques da palavra, os escroques do verbo, as pessoas que fazem demagogia verbal. Existe actualmente nos jornais, em tudo o que podemos ler, por todo lado, uma inflação verbal que remete para o discurso eleitoral, naquilo que ele tem de pior."

"Ah! Quantos volumes  não escreveríamos se quiséssemos denunciar a devastação causada pela cretinice absoluta, não tenhamos medo das palavras, de três quartos dos cronistas cuja doutrina parece resumir-se a esse incontestável princípio: nunca consultar as fontes."

"Escusam de ficar incomodados com o lamentável estado da crítica: de uma forma geral, os directores de jornais têm um tal desprezo pelo público que quanto mais idiota for um rapaz (ou uma rapariga) mais hipóteses terá de ser sucedido na imprensa. Requisito exigido: não saber nada."

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