Vive-se, em Coimbra, um verdadeiro mistério.
A cidade, conhecida pelo seu ambiente estudantil e romântico, ganhou nos últimos anos um particular motivo de interesse. Bem, terá ganho mais do que um, como qualquer dia iremos ver, mas há um que merecia ser devidamente estudado e catalogado com um daqueles difíceis nomes científicos que só os iniciados conseguem entender.
A questão terá assumido foros patológicos, porque foram oito anos consecutivos de uma inigualável fúria toponímica. Ali para ao lado da Praça 8 de Maio - onde por acaso se situa a Câmara -, chegou a aventar-se a hipótese, na ausência de novas ruas para baptizar, de alterar nomes já anteriormente atribuídos.
Não havia mês, semana e quase dia que não fosse atribuído um nome a uma rua, levando a que, com alguma imaginação e pouca ciência, possamos dizer que nos primeiros oito anos deste milénio se instalou na Câmara de Coimbra uma "síndrome baptismal".
Acreditou-se, convictamente, que esta era a actividade estratégica, por excelência, dos mandatos autárquicos do actual presidente da Câmara e que não haveria inundação, tremor de terra ou vulcão que fossem capazes de por em crise esta política superior.
O baptismo de rotundas, ruas e becos, tornou-se um verdadeiro comportamento aditivo, temendo-se que aquela fúria baptista fosse transporta para seres vivos, como: pombos, melros, patos, gaivotas, cegonhas, etc.
Ora, passados seis meses de um novo mandato, surpreendentemente, deixaram de ser atribuídos novos topónimos, o que coloca várias e complexas interrogações, que nem me atrevo imaginar, assim como se temem consequências de diversa ordem suscitadas por este repentino fenómeno de privação toponímica.
Sabemos que ao sétimo dia Deus descansou, pelo que temos de aceitar que ao fim de oito anos de sucessivos e cansativos baptismos a Câmara também tenha descansado, mas que é um mistério isso é.
aditivo: adjectivo, que se adiciona
ResponderEliminarA uma mania a do baptismo, responde-se com outra a invenção de palavras. Ao ler o Campeão das Províncias fico sempre com uma impressão, que quem critica é exactamente igual a quem é criticado, apenas neste momento está do outro lado... Quem perde é a cidade que vê os seus cidadãos mais preocupados com a dança de cadeiras do que em ajudar a resolver os seus problemas... É a vida como dizia o outro...