segunda-feira, 12 de abril de 2010

O VALOR POLÍTICO DA BAIXA DE COIMBRA

"POR AMOR DE DEUS, AJUDEM OS COMERCIANTES" é o apelo desesperado que se pode ler no blogue "Questões Nacionais" http://questoesnacionais.blogspot.com/  e que o senhor Luís Fernandes me fez chegar.

Na verdade, a Baixa de Coimbra e particularmente o comércio tradicional, que aí tem uma expressão relevante, vivem uma situação particularmente difícil. O seu desespero é real e fundamentado.

As causas serão múltiplas, no entanto há uma responsabilidade especial da Câmara Municipal que, por omissão ou através de iniciativas absolutamente contraproducentes, tem contribuído decisivamente para este estado de coisas.

Globalmente, a actual Câmara transformou Coimbra  numa uma cidade amorfa e adormecida, sem capacidade de reacção interna e sem "apoios" externos capazes de a ajudarem como ela precisa. É uma cidade decadente, sem nervo político, sem uma estratégia de desenvolvimento e sem uma visão sobre o seu futuro. 

Há aqui um silêncio redutor, imposto e genericamente consentido, que atrofia a criatividade e o conhecimento, na pretensa "Cidade do Conhecimento" e que contribui para a irreversibilidade da sua decadência. Aqui não acontece nada!

A Baixa de Coimbra chapinha para não se afogar e deveria ser uma prioridade  e um objectivo político central do governo da cidade, mas não é. Haverá também uma responsabilidade colectiva, que não tem sido assumida, e há, ainda, uma "amizade" não correspondida por muitos dos que aqui passaram que nela viveram intensos momentos da sua juventude mas que dela se esqueceram definitivamente.

Se porventura alguns dos que lêem este blogue e que desempenham relevantes funções políticas ou empresariais e a quem Coimbra diz alguma coisa peço-lhes que acreditem naquilo que o Senhor Luís Fernandes escreve e diz e que, durante uns momentos, pensem no contributo que poderão dar para ajudar a salvar a Baixa de Coimbra, tendo em atenção que é também muito do espírito e da tradição de Coimbra que está em causa .

Poderão argumentar que este é um problema que cabe resolver ao poder político local, concretamente  à Câmara, aos comerciantes e respectivas organizações e que tem a ver com difícil conjuntura económica, mas não é só. Há sempre uma intervenção pública sobre o assunto que poderão fazer ou  apresentar uma sugestão imaginativa e inovadora que possa gerar iniciativas interessantes que ajudem a minorar o desespero e a motivar a inversão da situação.

Dirão alguns que o Dr. Carlos Encarnação não merece isso. Por favor esqueçam-no e lembrem-se que o essencial é salvar a Baixa, de que ele se "despedirá" daqui a três anos, com o mesmo sorriso de sempre e a repetir aquela triste lenga-lenga de um presidente vencido de que há trinta anos que está tudo por fazer.

Considerarão alguns que esta minha escrita é absolutamente irrelevante e até patética, peço-lhes então que, com algum pragmatismo, considerem a Baixa de Coimbra como uma plataforma política fundamental a uma futura vitória na Câmara.

O que digo aos dirigentes do PSD, CDS e CDU que governam a Câmara, é que uma futura vitória do delfim do Dr. Carlos Encarnação só será possível se olharem e actuarem com urgência na Baixa - elaborando e desenvolvendo um plano especial de intervenção que consiga travar a sua decadência e a do seu comércio. Envergonhem e assustem o Dr. Carlos Encarnação.

Aos dirigentes do PS que façam da Baixa de Coimbra uma bandeira e que se mobilizem numa actuação permanente e consequente da sua defesa. Que apresentem propostas e apoiem os comerciantes, que façam da Baixa uma prioridade concelhia. É preciso ter presente que pela Baixa passam milhares de cidadãos de todo o Concelho e há um passa palavra muito importante que deve ser aproveitado. Envergonhem, assustem e derrotem aqui o Dr. Carlos Encarnação e verão que o resultado final no Município será muito diferente nas próximas eleições.

Aos comerciantes que não tenham medo, falem alto, tomem iniciativas simples e simpáticas - por que não por uma bandeira (já que as bandeiras são moda) de Coimbra em cada montra de modo a que a Baixa seja entendida como uma bandeira de Coimbra. Só é derrotado quem desiste!

6 comentários:

  1. Obrigado, meu amigo, em nome de todos os comerciantes que estão a passar momentos de extrema aflição.
    Um grande abraço solidário.
    Luís Fernandes

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  2. No dia de ontem fiz uma hiperligação do artigo"Saber o que se quer sem saber como se lá chegar?” do Blogue Questões Nacionais, do meu amigo Luís Fernandes na Rede Social mais famosa do momento o Facebook.
    O primeiro comentário ao referido artigo veio do meu conterrâneo Ricardo Castanheira, que passo a transcrever de seguida;
    “Jorge, li muito atentamente as tuas notas. Quem é o autor do texto "Saber o que se quer sem saber como se lá chegar"?.. Essa é uma das questões nucleares para Coimbra e diria mesmo para muitas cidades portuguesas. Já agora por que não começar por ouvir o que pensam os consumidores?..Tentar perceber porque preferem o Fórum ou o Dolce Vita talvez explique muitos do que há a fazer”.
    Aceitei o desafio, até nem sou comerciante, mas concordo com a sugestão do Ricardo Castanheira, coloquei a seguinte questão no Facebook;
    Estou a tentar perceber porque os consumidores preferem o Fórum ou o Dolce Vita ao Comércio Tradicional. Talvez me expliquem muito do que há a fazer. O que pensam os consumidores?
    Não tardou a chegar diversos comentários sobre a minha questão, que vou passar a transcrever;
    Ana Neto:
    Noutro tempo, ir às compras era na Baixa, mas infelizmente o comércio tradicional tem vindo progressivamente a desaparecer no meu ponto de vista devido ao facto de não aguentar a concorrência dos centros comerciais, estes têm a grande vantagem de reunir no mesmo espaço um vasto leque de ofertas de serviços e aliado a isto o estacionamento gratuito e protegido dos factores atmosféricos. É claro que ainda há produtos que penso que a baixa tem mais variedade, as sapatarias é um exemplo disso. Outro factor que posso indicar é a aspecto das trocas e devoluções de alguns artigos, nas grandes superfícies há mais facilidade de trocar ou até mesmo devolver um artigo. Agora soluções acho que o estacionamento deve ser a principal prioridade assim como a dinamização, devolver á baixa a vida que lhe retiram, incentivar a habitação, são as pessoas que fazem a vida. A baixa a partir de uma certa hora fica deserta.
    Criar espaços para eventos culturais de qualidade; música, teatros, moda etc.
    Maria Da Conceição Gomes:
    Eu sou adepta do Comercio Tradicional. Passam ano que não vou a uma grande superfície.
    Sérgio Almeida:

    Afinal de contas o que é o comercio tradicional? Os bazares de chineses que proliferam pela baixa... Eu, por exemplo, optam pelas sapatarias da baixa. A baixa e seus comerciantes terão de inovar se não querem perder o comboio. Talvez o Metro de superfície ajude. O problema é os estacionamentos que deveriam ficar a cargo dos comerciantes da baixa. E da chuva.
    Manuel António Mendes Martins:
    Jorge, eu gosto muito do comércio tradicional, mas sabes também como eu que os produtos no comércio tradicional, são mais caros. Nós indo ao fórum, por exemplo, compramos mais barato e ao mesmo tempo passeamos com a família. Todos nós sabemos, que as chamadas marcas brancas, não tem a qualidade que os produtos tradicionais, mas o povo com a grave crise que ai está já não olha à qualidade, olha sim ao preço.

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  3. Mino Terreiros:
    -Não tem jeito, uma pessoa ter que ir a vários sítios, comprar os seus itens, se pode adquirir num único sítio.
    -Por exemplo na baixa de Coimbra - Estacionamento a pagar? Vou pagar não sei quanto se tiver que ir as compras?
    -Isso são apenas duas, mas existira sempre mais...´
    Narcisa Tejo:
    Consumidores --- consomem. Comércio tradicional não tem coisas inúteis...
    Helena Neves Almeida:
    Alguns factores têm algum peso nas escolhas dos consumidores: O horário de funcionamento, o parqueamento grátis, a concentração de serviços diversificados, num espaço reduzido e acrescento ao fórum a esplendorosa vista da cidade. Não é a qualidade, nem o preço. Se houvesse estacionamento livre durante, por exemplo 2 horas, e animação (música, durante o dia,....) a baixa era um ponto de encontro, distracção e de comércio. Lembro-me bem do movimento antes da abertura das grandes superfícies. Não tinham inventado os parqueamentos pagos, não havia tanta concorrência...agora terão que ser reinventados meios, a autarquia deveria investir na reabilitação e promoção do comércio da baixa, porque é uma pérola. Os comerciantes também não têm uma política colectiva e integrada de promoção dos seus produtos. Tem de haver uma lógica de empreendedorismo.
    Rafael Mota:
    3 Palavras: estacionamento, estacionamento e estacionamento.
    Nati Leppert :
    Bem eu não sou um exemplo, prefiro o comércio tradicional, mas acho que a baixa está assim, um pouco porque não é muito atractiva, muitas zonas estão muito degradadas e é preciso pagar o estacionamento.
    As pessoas vão também aos centros comerciais porque estão lá os hipers e aproveitam para fazer lá as compras todas. E depois é uma questão de moda. O Português é muito de modinhas

    Jorge Neves

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  4. Abandono do Centro Histórico

    «Infelizmente, é com muita tristeza minha que encaro a situação da Baixinha de Coimbra e do centro histórico da nossa cidade, praticamente ao abandono, e a degradar-se mais a cada dia que passa.
    A diminuição da população nas últimas décadas na Freguesia de São Bartolomeu é um dado assente.
    É uma população envelhecida e maioritariamente carenciada, que não possui rendimentos suficientes para reabilitar os edifícios. Não irão ser os condomínios privados que se constroem nas periferias que vão combater a desertificação. É necessário aproveitar as infra-estruturas já existentes, para assim podermos remodelar e dar vida nova ao centro histórico da cidade. Urge dar a conhecer a todos os cidadãos de Coimbra, que o seu centro histórico irá continuar a ser entregue ao abandono, com o encerramento e a deslocação diária de estabelecimentos comerciais para as grandes superfícies. Não me espantaria nada, que dentro de alguns poucos anos, os serviços camarários, mudem para um novo edifício administrativo, com enormes custos mensais à autarquia e consequentemente aos munícipes, em nome de uma politica de proximidade.
    Qual será o futuro dos pequenos comerciantes que ainda vão resistindo pelo centro histórico?
    É por tudo isto que existe a obrigação de apostar nas obras de conservação e no cada vez maior mercado de arrendamento dos edifícios do centro histórico.
    É urgente utilizar todos os mecanismos possíveis para a recuperação urbana do centro histórico de Coimbra. É necessário trazer os jovens de novo para o centro histórico, e para isso há que criar residências universitárias, recuperar os prédios do centro histórico e disponibiliza-los para fogos de habitação jovem. Desenvolver um programa de habitação jovem nos núcleos de formação histórica. Alguns dos edifícios do centro histórico são de grande dimensão, como T4 ou T5 ou até alguns T6, o que permite a sua reconversão, aumentando o número de casas disponíveis.
    Desta forma, cada fogo pode permitir construir pelo menos 3 novas casas, requalificando e transformando-se, em grande parte, em casas mais pequenas, de maior interesse para os jovens.

    Jorge Neves

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  5. Então, amigo, o que se passou com o seu blogue? Quando postava o endereço aparecia que tinha sido desactivado. Palavra que fiquei estarrecido. Ainda bem que foi um mero acidente de percurso. Foi? Ou foi um teste à clientela? Como aquele indivíduo que outrora, um dia, decidiu anunciar a sua morte para ver ver quem aparecia no funeral. Foi isso?
    Olhe fosse lá o que fosse, fico contente que esteja por cá. Palavra. Abraço.
    Luís Fernandes

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  6. No Blogue A Carta a Garcia e a propósito do link publicado deste post. fiz o comentário que trancrevo abaixo.
    Cumprimnetos

    Caro Osvaldo

    já li o post do João Silva. A questão que levanta é comum a muitas outras cidades e vilas.
    foi no que deu, estarmos de "perna aberta" a tudo o que cheirava a grandes "Magazans" e à falsa ilusão de modernidade em ter uma grande superficie em todas as entradas e saídas das cidades.
    Ainda me lembro de há uns tempos um secretário de estado do comercio
    (por acaso de um governo socialista) travar o licenciamento de novas superficies comerciais, até que se procedesse a um estudo profundo, para o qual criou o observatório do comércio, cujas conclusões devem ter ficado guardadas num qualquer arquivo bafiento.
    Esse secretário de estado fez mais umas coisas de grande utilidade... mas não digo mais, não vá ele ler este comentário e achar que estou numa de bajulice.
    Abraço

    14 de Abril de 2010 16:02

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