Se a gestão faz um apelo permanente à racionalidade temos de nos perguntar até onde vai essa racionalidade no que toca aos vencimentos e prémios aos gestores de empresas, algumas públicas ou participadas por capitais públicos e que funcionam praticamente em regime de monopólio.
A questão não só ultrapassa tudo o que é aceitável como também não é circunstancial. Só notámos agora porque há crise, mas há em tudo isto uma questão de fundo que se arrasta e que justifica e exige uma abordagem política global e em profundidade.
Essa análise implica, contudo, para que venha a ter vencimento uma solução equilibrada, a ausência de demagogia e de uma primária reacção de inveja (tão típica no nosso país) e, ainda, o contributo do repúdio social pelo excesso e pela desproporção.
Pese embora os gestores trabalharem num contexto complexo e exigente - em que também dispõem de condições especiais de exercício -, não é possível compreender seja a que luz for as loucuras que temos vindo a conhecer e de que a mais recente é a do vencimento e prémios auferidos pelo presidente executivo da EDP, relativamente ao exercício de 2009.
Aquilo não é possível! E não é, sobretudo, possível que volte a acontecer no futuro.
Numa sociedade que felizmente se mobiliza para realizações nobres na área social e que faz operações de limpeza de norte a sul do país, não é possível deixar de aparecer um movimento de contestação consciente e fundamentado a estes escândalos num dos países da Europa com maior desigualdade económica e social, e em que se percebe que o que está em causa é a valorização absoluta do capital, com desprezo pelo trabalho e pelos próprios serviços prestados aos consumidores - a generalidade dos cidadãos.
É precisa uma democrática exigência de mudança. É preciso dizer não a isto!
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