Não é edificante o espectáculo a que se tem vindo a assistir na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso TVI.
Na verdade o que ali se passa não configura um verdadeiro inquérito. Há Deputados que mais não tentam que justificar teses político-partidárias, com intervenções apoplécticas, absolutamente transtornados, emitindo juízos de valor sobre declarações de depoentes ausentes e fazendo presunções sobre declarações de futuros depoentes, com uma inqualificável desonestidade intelectual e política.
Quando se esperavam perguntas secas e objectivas, que levassem a conclusões claras e objectivas, assiste-se a deambulações oratórias, com base, muitas vezes, num guião definido pela comunicação social e depois a interpretações de respostas que apenas demonstram a intenção de justificar teses preconcebidas.
Há momentos em que parece que se está não perante um inquérito mas sim perante uma inquisição, porque o objectivo de alguns Deputados é, nitidamente, o de tentar que os inquiridos dêem as respostas que eles, Deputados, querem e não quaisquer outras, assumindo o papel de pequenos Savonarolas, em acção num tribunal dum "Santo Ofício" do século XXI, onde se recorre aos mais variados truques para extorquir as declarações que convêm.
Tristemente vive-se ali uma cegueira ridícula, porque aqueles pretensos descobridores da verdade ainda não perceberam que para a generalidade dos cidadãos eles são actores permanentes num palco em que a mentira é regra.
Até agora o único mérito da Comissão tem sido o de revelar a personalidade de certos Deputados e até onde estão disposto a ir para obterem as confissões pecadoras que eles já assumiram existirem.
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