terça-feira, 27 de abril de 2010

CONTAS ERRADAS


Perante a incredulidade de alguns e o desconforto de outros tenho vindo, desde 2002, a alertar para a desastrosa gestão autárquica praticada na Câmara de Coimbra, por razões de fundo (falta de visão, de estratégia e de projectos) e por motivos de absoluta incompetência gestionária.

Sobre as questões de fundo os resultados estão demonstrados com a decadência da Cidade e a sua irrelevância política e económica e, por isso, escuso-me a mais comentários, relativamente à gestão não posso, no momento em que o Relatório e Contas da Câmara é apresentado e aprovado, deixar de sublinhar, mais uma vez, a destruição  da administração e  das finanças a que a Câmara foi sujeita, nestes últimos oito anos e que, quer  se queira quer não, é condicionante do desenvolvimento das políticas autárquicas que o Município carece e exige.

É óbvio, para todos os que contactam a Câmara, que o Dr. Carlos Encarnação não é um autarca. A sua vinda para a Câmara não foi apenas um erro de casting foi um erro de lesa Coimbra, como o futuro tornará perfeitamente claro, e isso deu azo a que ali se instalasse um gestão de "ao Deus dará", virada para a satisfação de clientelas partidárias, sem sentido de serviço público e financeiramente irresponsável.

Tudo isto se comprova nos documentos de gestão da Câmara, de que se dá um pequeno exemplo. Os encargos com pessoal (uma despesa corrente rígida) em 2001 foram de 17.308.355 euros, com a gestão do Dr. Carlos Encarnação passaram a ser: 2002 - 19.309.182 € ; 2003 - 21.862.796 €; 2004 - 24.597.975 €; 2005 - 27.758.219 €; 2006 - 28.993.926 €; 2007 - 29.512.120 €; 2008 - 29.261.551 €; 2009 - 29.407.120 €

Portanto, só em pessoal, nestes seus oito anos de gestão, o Dr. Carlos Encarnação já gastou mais de 210 milhões de euros, sendo que o aumento de encargos entre 2001 e 2009 foi de 69,9%. É obra!

Isto com a agravante de que neste período foram criadas duas empresas municipais: a Empresa Turismo de Coimbra e Empresa Coimbra Viva de Reabilitação Urbana, que vieram realizar actividades que anteriormente eram feitas pelos serviços camarários, sem esquecer a sistemática aquisição de serviços a privados.

Qual o resultado para o Município deste despesismo infrene? Clientelas satisfeitas, prejuízo para o Concelho!

Claro que agora o resultado – no contexto da situação económica difícil que se vive: com a queda da construção de habitação, uma das fontes de receita relevantes para a Câmara; com o baixo desenvolvimento empresarial; sem projectos de desenvolvimento e com um agravamento das dificuldades de uma classe média com grande peso na Cidade –, vai traduzir-se numa Câmara pobre e endividada a viver momentos de enormes dificuldades financeiras.

Os responsáveis por esta situação estão lá mas vamos ser todos nós a pagar erros de palmatória e eu lamento profundamente que o PS, durante algum tempo tenha, talvez com inveja da CDU, colaborado com esta gestão, amancebando-se com o Dr. Carlos Encarnação, numa caldeirada em que se subsumiram ideias e projectos para se salvaguardarem outras coisas…

Tudo contas erradas.

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