segunda-feira, 3 de maio de 2010

O GALO CELESTIAL


A notícia de que o Presidente da República vai receber nove ex-ministros das Finanças tem um óbvio significado político de pressão sobre o governo e as suas opções, para mais sabendo quem são esses ex-ministros e as teses que vêm defendendo no que se refere ao investimento público.

Há aqui, contudo, um problema de autoridade que não pode deixar de ser considerado: é que o ex-dez ministros das Finanças (o Presidente da República também foi ministro das Finanças) terão todos um quota-parte na situação em que nos encontramos.

Esta reunião que vai ser tema para muitas análises nos próximos dias fez-me lembrar um ser imaginário assim descrito por Jorge Luís Borges:

"O Galo Celestial

Segundo os Chineses, o Galo Celestial é uma ave de plumagem dourada, que canta três vezes ao dia. A primeira, quando o Sol toma o seu banho matinal nos confins do oceano; a segunda, quando o Sol está no zénite; a última, quando se esconde no poente. O primeiro canto sacode os céus e desperta a humanidade. O Calo Celestial é um antepassado do Yang, princípio masculino do uinerso. Está dotado de três patas e faz ninho na árvore fu-sang, cuja altura se mede por centenas de milhas e cresce na região da aurora. A voz do Galo Celestial é muito forte e o seu porte é majestoso. Põe ovos de que saem pintainhos com cristas vermelhas que respondem ao seu canto todas as manhãs. Todos os galos da terra descedem do Galo Celestial, que também se chama a "Ave da Alva".

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