Parece-me inequívoco que neste momento há uma emergência política: estruturar devidamente os serviços de saúde mental e elaborar um plano de emergência!
Com efeito - para além do reconfortante facto de haver centenas, senão milhares de felizes cidadãos que vão assistindo religiosamente aos treinos de sete jogadores da selecção nacional futebol na Covilhã, provando que a crise é uma ficção -, fica-se altamente perturbado com o ambiente político que se vive e é quase certo que dentro em breve haverá uma grave situação de saúde pública de natureza psíquica, muito mais intensa e perigosa do que uma gripe, seja qual for a letra do abecedário com que venha a ser baptizada.
Começa com um vulcão da Islândia, sem nome de gente, que vai bufando, com um desplante
gozão, sem respeito pela "Velha Albion", pela flexi-segurança nórdica
ou pela senhora Merkel (que manda nisto tudo) e põe a Europa em terra.
Depois, cá na pátria, os dois grandes partidos, que se assumem como alternativa de governo, recusam-se a alternar (peço uma leitura bondosa da palavra) e fazem acordos informais ou será formais (?) numa clareza política embasbacante.
Por outro lado, o líder da oposição pede desculpa pelas medidas que o governo toma, medidas que o primeiro-ministro garante que são indispensáveis para salvar o país e a todos nós e, portanto, medidas de que não se deve pedir desculpas mas enaltecer.
Na Assembleia da República planeia-se um bunker para fumadores e vive-se uma euforia inquisitorial que arrasa qualquer das mais reputadas telenovelas venezuelanas, com a única diferença de que toda a gente conhece o final e sabe o que vai concluir e votar cada um.
Trata-se do mais belo e completo exercício parlamentar com que a Assembleia, a quem delegamos a defesa dos superiores interesses do país, capitaneada pelo estóico Pacheco Pereira, assinalará os cem anos da República.
Simultaneamente, no intervalo publicitário em que os Bancos, que vão tendo excelentes lucros, fazem publicidade aos seus produtos, nomeadamente à facilidade de empréstimo, aparecem os banqueiros a dizer que não há dinheiro e que vamos passar as passas do Algarve, para onde vai depois tudo de férias com créditos bancários.
Bem, é melhor ficar por aqui para não acrescentar sofrimento e dizer que no meio disto tudo apenas há um elemento de racionalidade - a moção de censura do PCP. O sonho do PCP sempre foi o de ter a direita a governar e mantém a sua coerência.
Aliás, perdoem-me um localismo, aqui por Coimbra, o combativo PCP das políticas de direita ,está coligado na Câmara com a direita vai para nove anos. Faz a política da direita com as competências que a direita lhe delegou, colaborando com o despesismo, o compadrio e o vazio de ideias que se abateu sobre a cidade.
Digam-me lá se por tudo isto não é uma emergência política organizar e estabelecer um plano de emergência na área da saúde mental? Será que não vamos ficar todos doidos!?
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