quinta-feira, 22 de julho de 2010

PEDRO E O LOGRO


É enternecedor ouvir o Engenheiro Ângelo Correia referir-se, de forma paternalista, ao seu "protegido", como: o Pedro.

Assumindo-se como manager político de Pedro Passos Coelho teve o mérito de o conduzir à liderança do PSD, agora mais PL (Partido Liberal) do que PPD ou PSD.

Sucedendo a uma sisuda e desgastada ex-ministra, sem carisma nem fotogenia, o Pedro rapidamente fez sucesso e trepou nas sondagens. Animado com o facto e feliz com a "boa" imprensa, que de imediato o tornou primeiro-ministro, o Pedro, sentiu-se obrigado a lançar-se na grande política e, por isso, de acordo com a habitual cartilha, que diz que quando não há propostas para os problemas devem inventar-se problemas para as propostas, resolveu, depois de consultar o seu horóscopo, que lhe disse: "Boa altura para tomar uma decisão importante.", apresentar uma proposta de revisão constitucional.

Feliz com o cumprimento deste primeiro grande desígnio, resolveu consultar de novo o horóscopo  apara o dia e leu: "Dia radioso. O sol brilha trazendo-lhe o merecido êxito.".  No entanto a manhã tinha começado nublada e havia umas nuvens preocupantes. As notícias eram confusas, havia um coro de vozes, mesmo dentro do seu partido, a contestar a proposta de revisão constitucional e o Pedro começou a ficar desconfiado das previsões astrológicas.

Contudo, no dia seguinte, não resistiu a recorrer de novo ao conselho do astrólogo de confiança e ficou a saber que: "Apesar de muita controvérsia vai conseguir dominar os acontecimentos." Mais descansado preparou-se para as notícias. Não teve que esperar muito para perceber que de repente apoiantes  da véspera e comentadores deslumbrados de há dias zurziam, sem dó nem piedade, na sua proposta.

A confusão tinha-se instalado. Teve de se desdobrar em contactos, fazer recuos, descansar uns empedernidos social-democratas que ainda por lá andavam e afirmar que era uma proposta aberta para análise e discussão.

Veio novo raiar do dia e lá estava nova e animadora previsão astrológica: "Vai ter novas oportunidades e um período ascendente.". Um pouco menos crédulo recorreu aos seus assessores e ficou alarmado, havia sussurros depreciativos e temia-se uma queda nas sondagens, a pior desgraça que lhe podia acontecer. Enquanto esteve calado, passeando a imagem tudo bem, agora que queria começar a demonstrar que era um verdadeiro político via tudo a desmoronar-se.

O Pedro sentiu-se angustiado e começou a pensar se não seria muito ingénuo. Foi consultar o seu horóscopo para o novo dia e lá vinha: "Aprecie o bom momento que está a passar.". Num acto de incontida desconfiança atirou com o horóscopo para o caixote do lixo, afundou-se na cadeira e percebeu que ainda estava muito cru e que era um logro fazer política com base em oráculos. 

1 comentário:

  1. Assalto, legitimidade e caudilhos

    O PSD de Sá Carneiro, Mota Amaral ,João Jardim, Cavaco Silva e milhares de militantes foi, e momentaneamente ainda é, de matriz social-democrata, como agora se convencionou dizer. Foi envolto nesta matriz que este partido cresceu e se tornou alternativa de governo em Portugal. Assim foi e ainda é. Esta matriz está configurada nos respectivos estatutos. Qualquer militante que se proponha dirigir este grande partido deve, e está obrigado, a se conformar com esta realidade.

    Já sofreu fortes ataques no sentido de mudar a raiz social-democrata, mas nunca tão intensos como agora, dirigidos por um grupo que se situa à direita do CDS e pretende tomar por dentro este grande partido e deslocá-lo para a direita liberal.


    Para isso terá de mudar os estatutos, submeter a respectiva aprovação aos militantes e denominar o partido de outra forma. Por exemplo, porque não PLD - Partido Democrata Liberal?


    Se isto acontecer será legitimo, não será é a mesma coisa.

    Bettencourt de Lima

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