Há quem ainda acredite que Coimbra é tão provinciana que não é capaz de produzir um pensamento político susceptível de fazer reflectir o país e de influenciar as grandes decisões nos diversos centros de poder e, pior, que a chamada silly season não passa por aqui.
Muitos desprezam a inteligência política conimbricense, apenas
reconhecendo que existe um bestunto político coimbrão que não é
merecedor de atenção. São ideias erróneas que a realidade se vai encarregando de desmentir.
Por exemplo, esta semana tivemos momentos de profundo pensamento político e de subsequente apresentação de propostas, que abanaram o país e terão motivado uma enorme preocupação no Presidente da República, no Primeiro-ministro, no Governo e nos diversos partidos. Se assim não foi é porque algo está errado.
Em primeiro lugar leu-se a entrevista do presidente da Federação de Coimbra do PS a defender um refrescamento do governo e instalou-se a dúvida: seria uma proposta para os membros
do governo pararem um bocado e irem tomar uma bebida fresca, o que no
actual contexto não parece boa política, ou uma elaborada teoria
tendente a defender uma remodelação governamental, o que no actual
contexto também não parece ser boa política, ou ainda uma mensagem
encriptada de difícil compreensão?
Concluiu-se, de imediato, que o primeiro-ministro ao tomar conhecimento destas afirmações teve de alterar a sua agenda e de fazer um esforço para perceber o que estava em causa. A profundidade de pensamento, a oportunidade e as razões que estiveram
subjacentes a estas afirmações terão, decerto, motivado todo um
processo de decifração por parte do satff governamental, bem como reuniões de urgência do núcleo duro do Governo e dos principais dirigentes do PS.
Logo de seguida e dando consistência à ideia de que em Coimbra a silly season também tem expressão, o presidente da Câmara veio acrescentar que não era necessário o refrescamento governamental, preconizado, pelo citado dirigente do PS mas que bastaria, tão só, substituir o primeiro ministro.
Claro que perante este desenvolvimento de opiniões e propostas políticas todos os membros da Casa Civil do presidente da República terão sido chamados a analisar as declarações em cascata de tão reputados e ilustres políticos e a equacionar diversos cenários tendentes a resolver uma eventual crise política.
Lisboa ficou, portanto, esta semana refém do pensamento e das afirmações produzidas ao mais alto nível em Coimbra o que deixa entender que o Presidente da República, o Governo e os estados maiores partidários não vão ter um Verão fácil e que por isso é possível que ninguém se vá refrescar estas férias.
Uma coisa para já está provada, com estes políticos e com estas intervenções, Coimbra está muito mais cosmopolita do que alguns pensam e a silly season está a passar por aqui. O país que se cuide.
Felicito-o pelo seu blogue,recomendaram-mo vou
ResponderEliminarcontinuar a acompanhar