Poupar-se a desgostos.
É útil e sensato evitarem-se desgostos. A prudência evita muitos: é a Luciana do êxito e, por isso, também do contentamento. Não se devem dar más notícias, a ainda menos recebê-las; devem ter interdita a entrada, a não ser a do remédio. A alguns corrompem-se-lhes os ouvidos ao ouvir muitos elogios doces, e a outros ao escutar muitos mexericos desagradáveis. Há quem não saiba viver sem alguma agrura quotidiana, como Mitrídates sem veneno. Também não se deve manter a regra de, por querer agradar a outrem, por próximo que seja, causar-se a si próprio um desgosto para toda a vida. Nunca se deve pecar contra a própria felicidade para agradar ao que aconselha e permanece alheio. Em qualquer eventualidade, sempre que se oponham agradar a alguém ou causar-se a si próprio um desgosto, é lição proveitosa a que diz que mais vale que o outro se aborreça agora, que tu mais tarde e sem remédio.
A Arte da Prudência
Baltasar Gracián
Exmo Senhor!
ResponderEliminarOs meus parabens pelo excellent Blog.
Sera que poderei "postar"....algumas das suas belas "missivas"...num Blog onde colaboro. O Cabrito do Sico....
Cordiais saudacoes
Jose Leitao
@JLEITAO-NYC