sábado, 23 de novembro de 2013

CARTA ABERTA AOS CIDADÃOS DE COIMBRA




Caros concidadãos

Em Coimbra vivemos o momento mágico da chegada da liberdade e, com alegria, entusiasmo e generosidade, partilhámos a vontade coletiva de construir um país novo. Um país de mulheres e homens livres e inteiros, uma pátria solidária e justa, que acolhesse os sonhos de tantas gerações espezinhadas e lançar as bases de um futuro digno para os nossos filhos e netos.
Como cidadãos desta fantástica cidade, participámos e assistimos a transformações impossíveis e a realizações impensáveis, e tivemos, como tantos, desilusões e sobressaltos. Mas fomos sempre lutando por deixar uma herança honrosa, acreditando que os vindouros nos recordariam com respeito.
Hoje estamos aqui, num grito de alma, a reconhecer o drama da ruína dos nossos sonhos, do nosso trabalho e do nosso esforço a favor do futuro. Hoje estamos, aqui, a sentir uma enorme raiva perante aqueles que nos destroem vida e matam a esperança. Com mentiras atrás de mentiras têm vindo a tirar-nos, sem pudor, a dignidade e a honra.
Foram-nos diminuindo como cidadãos, encurralaram-nos num beco sem saída a favor dos donos do dinheiro que foram sendo engordados à nossa custa, atirando-nos ainda a culpa de querermos ser cidadãos por inteiro.
Em Coimbra aconteceram ideias e germinaram lutas. Fizeram-se poemas, canções e empunharam-se bandeiras. Nós, que assistimos a isso, choramos hoje uma cidade amorfa e acomodada onde falta nervo cívico e coragem para os bons combates.
Vimos, por isso, feridos na nossa honra e na nossa dignidade, apelar aos cidadãos de Coimbra para que vençam o conformismo. Que, em todos os seus locais de vida, trabalho ou lazer usem formas imaginosas de contestação e combate à política infame que nos está a ser imposta.
Caros Concidadãos.
Não deixemos morrer Coimbra por dentro. Não nos acobardemos. Que cada dia seja um dia de luta contra o pesadelo e a iniquidade política que estamos a viver. 

Coimbra, 22 de Novembro de 2013

Teresa Portugal
João Silva

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