Contrariamente ao que alguns pensam e ao que Salvador Dali declarou
há mais de 50 anos, o centro do mundo não fica na gare de
Perpignan. O
centro do mundo fica aqui, em Coimbra.
Como
sabem o centro do mundo é um lugar especial de onde se pode olhar e
ver tudo em redor. Melhor, é um lugar onde é obrigatório estar
atento, perscrutar o horizonte e saber entender os sinais que a manhã
traz e a noite confirma.
Claro
que muitos e variados olhos vêm coisas diferentes mas vou agora, a
partir daqui, a convite do Diário de Coimbra, falar pelos meus,
recusando olhares orientados ou aconselhados.
Aliás,
para uma limpeza de olhar nada melhor que começar por ir hoje, a São
Martinho do Bispo, à Feira dos 7. Ali é possível sentir o cheiro
intenso e sincero de vida que se junta e convive, comer uma sandes de
leitão e atirar-se a um saco de tremoços, o que ajudará a melhor
ordenar as ideias e a ver o mundo, com a simplicidade e a humanidade
de uma sabedoria procurada.
Com
este ponto de partida e adotando uma narrativa com este guião, nada
melhor do que começar por assumir o desafio
da esperança decorrente
da ação da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, que
verá a sua direção eleita amanhã.
Independentemente
das questões legais/institucionais inerentes à sua organização e
funcionamento, o que parece essencial é conseguir desde já um
ambiente construtivo, baseado numa relação de confiança e numa
vontade de trabalho conjunto.
Cansados
de tantos estudos, planos estratégicos, declarações de intenções,
etc., o que se espera é um entendimento imediato sobre uma agenda de
articulação e inclusão intermunicipal que considere a eliminação
dos nós górdios que os limites territoriais dos municípios em
causa impõem aos cidadãos.
Acima
de tudo, que este novo ciclo que agora se inicia se traduza por uma
ação conjugada e uma visão de conjunto sem capelanias. Das
acessibilidades e da mobilidade intercomunitária às questões da
fiscalidade municipal, até ao incremento articulado de âmbito
cultural e artístico - que num tempo de crise podem ser um pilar
fundamental de desenvolvimento e de criação de riqueza -, há tanta
coisa em que se pode de imediato avançar.
Todos
os autarcas que vão estar á volta da mesa conhecem suficientemente
bem a realidade própria e a vizinha e sabem que a união faz a
força, pelo que se lhes pede que ao seu sentido de serviço público
juntem um realismo inteligente. Este poderá e deverá ser o início
de um tempo de esperança num futuro estruturado numa escala maior e,
como tal, politica, económica, cultural e socialmente mais forte.
Do
centro do mundo proponho, para começar, um olhar próximo e de
esperança na construção de um saudável entendimento entre os
vizinhos da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra.
(Artigo publicado na edição de 7 de Novembro de 2013, do Diário de Coimbra)
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