O
arranque
do Rally de Portugal junto da Universidade (Rua
Larga, Largo D. Dinis e Porta Férrea),
bem
como a fotografia de grupo dos pilotos participantes tirada na
Biblioteca Joanina, foram motivo de inexplicável
controvérsia.
No
fundo tratou-se de um breve upgrade de uma realidade quotidiana e,
por isso, não se vê motivo para qualquer estranheza.
Quem
não se lembra do drama que foi acabar com o parque automóvel no
Pátio das Escolas?! E
quem
não
se extasia com a beleza do
atual parque junto da Porta Férrea, da Biblioteca Geral e da
Faculdade de Letras. Ali, naquele
espaço histórico e de culto das humanidades, está bem espelhado o
triunfo e a adoração da máquina que, em Coimbra, vem do séc. XX e
perdura a contra-futuro no séc. XXI.
Aliás,
o
problema em
Coimbra é
geral e
todos aos Polos universitários são um paraíso para os carros, são
eles que mandam.
Não se
percebe,
por isso, a polémica sobre a cerimónia de inicio do Rally de
Portugal acontecer junto da
Universidade, porque
aqui,
hoje,
não é o homem que é a medida de todas as coisas mas sim o carro.
Foi
muito bem escolhido!
Por
exemplo, veja-se a vantagem comparativa da
Universidade de Coimbra
relativamente a outras universidade
europeias que
com
ela competem,
e que fazem gala dos seus campus
e
espaços
impecavelmente tratados e ajardinados. Como
é possível não reconhecer a nossa superioridade e pensar:
“Que pobreza. Que
tipos
tão
atrasados. Nem
um
carrinho para amenizar este canteiros.” Note-se
que este raciocínio se aplica igualmente à cidade.
Portanto
Coimbra
e a sua Universidade, com a imagem dos bólides alinhados à sua
histórica porta, confirmaram
a ideia de
que são espaços amigos dos automóveis. Se
vão conseguir novos ganhos não se sabe. Ganhar mais turismo será
importante se houver uma estratégia global de acolhimento e não
caminhar para
uma
perigosa pressão, por exemplo, sobre a Biblioteca Joanina, que a
podem pôr em risco.
À
partida a ganhadora certa
é a organização que vende
a ideia de lucros, que nunca são avaliados numa análise
custo-benefício, mas que consegue
apoios de diversa natureza que lhe garantem a
ela, isso sim,
pagar
os custos organizacionais e arrecadar lucros certos
imediatos.
Ah,
já agora, porque o CUHC também é um estabelecimento universitário,
onde os carros são um importante elemento, não só decorativo mas
também “promotor de saúde”, e
porque se quer uma nova(?) maternidade no espaço dos HUC, por
que não proceder
à
sua
instalação em rulotes? Mantém-se
o paradigma automóvel e confirma-se que Coimbra
não merece mais.
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