À
medida que os anos vão passando cada vez vou tendo mais consciência
da minha ignorância. Bem, não é só da ignorância é também da
incapacidade de entender certas atitudes e certos comportamentos.
Por
exemplo. Vai começar a Queima das Fitas, uma tradição académica
vivida de forma intensa em Coimbra, e fico sempre sem perceber como é
que esta festa especial de estudantes universitários se transformou
naquilo que é hoje: num momento, com honrosas exceções, de
boçalidade e de excessos alcoólicos?
Percebem-se
e aceitam-se alguns excessos, como aliás é da tradição, mas o que
é chocante é ver como é que aqueles que amanhã vão fazer parte
das nossas elites, nas mais diversas áreas, e que valorizam a sua
formação académica e a vivência de Coimbra, abdicaram da crítica
inteligente e se deixam capturar por descarados interesses
comerciais.
Por
outro lado, a campanha para as eleições europeias de 26 de maio,
que já aí está, vai acentuar-se nos próximos dias e, neste caso,
é a incredibilidade somada á ignorância dos interesses em jogo que
me assaltam, por ver tanto entusiasmo eleitoral por parte de partidos
e forças políticas que não gostam ou mesmo rejeitam a Europa de
que o Parlamento Europeu é um elemento essencial, mas que se batem
bravamente para integrar esse malfadado areópago.
Outros,
ainda, fazem destas eleições um combate para atingir a
infelicidade, dado que para eles ser eleito é sinónimo de
sofrimento e de desconforto pessoal e político. Mais do que uma
prova de interesse e serviço público transmitem uma sofrida imagem
de masoquismo.
Hoje
temos a possibilidade de aceder à informação, em quantidade e com
uma velocidade como nunca antes foi possível e isso devia permitir
diminuir a ignorância mas, a verdade, é que parece tê-la
exponenciado. Veja-se que o país mais poderoso do mundo, com
qualificadas elites culturais e cientificas, tem como presidente
alguém que é tido como o mais ignorante da sua história e que,
surpreendentemente, neste momento, já conseguiu um financiamento
avultadíssimo, como parece nunca terá existido, para a campanha
presidencial que vai ocorrer daqui a dois anos e em que tentará a
sua reeleição.
Finalmente,
quero assumir, eu que permanentemente me bato por Coimbra, a minha
ignorância ou ilusão de conhecimento perante os principais
problemas da cidade, como ficou demonstrado com a aprovação por
unanimidade pela Assembleia Municipal, da elaboração e execução
urgente de um plano de arborização da cidade.
Aqui
está a prova do poder do pensamento grupal e da minha ignorância
individual.
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