quinta-feira, 6 de junho de 2019

IGNORÂNCIA


À medida que os anos vão passando cada vez vou tendo mais consciência da minha ignorância. Bem, não é só da ignorância é também da incapacidade de entender certas atitudes e certos comportamentos.

Por exemplo. Vai começar a Queima das Fitas, uma tradição académica vivida de forma intensa em Coimbra, e fico sempre sem perceber como é que esta festa especial de estudantes universitários se transformou naquilo que é hoje: num momento, com honrosas exceções, de boçalidade e de excessos alcoólicos?

Percebem-se e aceitam-se alguns excessos, como aliás é da tradição, mas o que é chocante é ver como é que aqueles que amanhã vão fazer parte das nossas elites, nas mais diversas áreas, e que valorizam a sua formação académica e a vivência de Coimbra, abdicaram da crítica inteligente e se deixam capturar por descarados interesses comerciais.

Por outro lado, a campanha para as eleições europeias de 26 de maio, que já aí está, vai acentuar-se nos próximos dias e, neste caso, é a incredibilidade somada á ignorância dos interesses em jogo que me assaltam, por ver tanto entusiasmo eleitoral por parte de partidos e forças políticas que não gostam ou mesmo rejeitam a Europa de que o Parlamento Europeu é um elemento essencial, mas que se batem bravamente para integrar esse malfadado areópago.

Outros, ainda, fazem destas eleições um combate para atingir a infelicidade, dado que para eles ser eleito é sinónimo de sofrimento e de desconforto pessoal e político. Mais do que uma prova de interesse e serviço público transmitem uma sofrida imagem de masoquismo.

Hoje temos a possibilidade de aceder à informação, em quantidade e com uma velocidade como nunca antes foi possível e isso devia permitir diminuir a ignorância mas, a verdade, é que parece tê-la exponenciado. Veja-se que o país mais poderoso do mundo, com qualificadas elites culturais e cientificas, tem como presidente alguém que é tido como o mais ignorante da sua história e que, surpreendentemente, neste momento, já conseguiu um financiamento avultadíssimo, como parece nunca terá existido, para a campanha presidencial que vai ocorrer daqui a dois anos e em que tentará a sua reeleição.

Finalmente, quero assumir, eu que permanentemente me bato por Coimbra, a minha ignorância ou ilusão de conhecimento perante os principais problemas da cidade, como ficou demonstrado com a aprovação por unanimidade pela Assembleia Municipal, da elaboração e execução urgente de um plano de arborização da cidade.

Aqui está a prova do poder do pensamento grupal e da minha ignorância individual.


Sem comentários:

Enviar um comentário