Não é possível invocar James Joyce e o seu Ulisses para perceber o que se passa na Irlanda, mas que há ciclopes da ignorância que andaram anos a fio a matraquear-nos sobre os méritos do modelo de desenvolvimento irlandês e, inclusivamente, a elogiar a campanha anti-Europa conduzida e financiada por um especulador financeiro, que mais não era que um cavalo de Tróia de interesses americanos, isso é possível relembrar.
Mas também é possível reconhecer o desplante e o despudor de muitos desses - bem pensantes e bem informados políticos, economistas e fazedores de opinião - que hoje aparecem a referir a inconsistência do seu anteriormente tão apregoado modelo e a criticar o sistema bancário que por ali garantia níveis de vida artificiais utilizando produtos tóxicos.
Diziam, na altura: "Abençoada Irlanda - um verdadeiro tigre europeu - que não investe em auto-estradas ou infraestruturas físicas, mas que garante incomparáveis padrões de desenvolvimento.".
Ouvimo-los, vezes sem conta, atirarem-nos com este panegírico, também ele tóxico, assim como os vamos ouvindo agora transformar a Irlanda num Caronte que nos transporta na sua barca rumo aos infernos.
Nem nós nem a Irlanda merecemos tão "inteligentes" comentadores e analistas, mas muito menos tão abalizados economistas a quem não seria possível entregar a gestão de uma simples mercearia porque a levariam rapidamente à falência.
Aliás, neste momento não só nos preparamos para financiar a Irlanda, melhor dito, e com raiva, os bancos irlandeses e decerto o famoso especulador que pagou campanhas contra a Europa, como vamos ter de pagar por muitos anos juros extremamente elevados, por insondáveis efeitos de contágio, que não penalizarão os especuladores e os senhores dos mercados mas sim aqueles que ainda conseguem ter trabalho.
Ah, os famosos e sapientes economistas e comentadores continuarão com o seu habitual exercício de "superior" inteligência e a sua expertise- de esperteza -, a dizer-nos porque é que temos de pagar a crise, ainda que a maioria deles ganhe com ela pelos artigos que escreve e as análises que doutamente apresenta.
Só é pena, uma dolorosa pena, que muitos políticos se deixem embrulhar por estes "estudiosos" e não abordem a política com uma atitude prospectiva e uma visão superior, demonstrando alguma capacidade de enfrentar e condicionar o poder económico. Digo alguma capacidade, sublinhando a palavra alguma.
É que está claramente visto que, perante a incapacidade política global, reinante na Europa, vão ser os tecno-economistas que colocaram o trevo irlandês nos píncaros e que agora lhe arrancam as folhas que tudo farão para nos importar as desgraças irlandesas.
Dizem e com razão, que a crise é de origem financeira, mas é também e fundamentalmente uma crise política em que são visíveis o medo e a cobardia dos líderes políticos perante os senhores da finança e em que não se percebe o silêncio dos partidos políticos, concretamente o PS que não dá sinais de uma qualquer capacidade de expressão política perante a gravidade dos factos e as suas consequências por décadas.
Era preciso que o PS se levantasse do chão a que foi atirado e que no mínimo reagisse com a convicção das ideias que estão no seu ideário e na génese.
Nem nós nem a Irlanda merecemos tão "inteligentes" comentadores e analistas, mas muito menos tão abalizados economistas a quem não seria possível entregar a gestão de uma simples mercearia porque a levariam rapidamente à falência.
Aliás, neste momento não só nos preparamos para financiar a Irlanda, melhor dito, e com raiva, os bancos irlandeses e decerto o famoso especulador que pagou campanhas contra a Europa, como vamos ter de pagar por muitos anos juros extremamente elevados, por insondáveis efeitos de contágio, que não penalizarão os especuladores e os senhores dos mercados mas sim aqueles que ainda conseguem ter trabalho.
Ah, os famosos e sapientes economistas e comentadores continuarão com o seu habitual exercício de "superior" inteligência e a sua expertise- de esperteza -, a dizer-nos porque é que temos de pagar a crise, ainda que a maioria deles ganhe com ela pelos artigos que escreve e as análises que doutamente apresenta.
Só é pena, uma dolorosa pena, que muitos políticos se deixem embrulhar por estes "estudiosos" e não abordem a política com uma atitude prospectiva e uma visão superior, demonstrando alguma capacidade de enfrentar e condicionar o poder económico. Digo alguma capacidade, sublinhando a palavra alguma.
É que está claramente visto que, perante a incapacidade política global, reinante na Europa, vão ser os tecno-economistas que colocaram o trevo irlandês nos píncaros e que agora lhe arrancam as folhas que tudo farão para nos importar as desgraças irlandesas.
Dizem e com razão, que a crise é de origem financeira, mas é também e fundamentalmente uma crise política em que são visíveis o medo e a cobardia dos líderes políticos perante os senhores da finança e em que não se percebe o silêncio dos partidos políticos, concretamente o PS que não dá sinais de uma qualquer capacidade de expressão política perante a gravidade dos factos e as suas consequências por décadas.
Era preciso que o PS se levantasse do chão a que foi atirado e que no mínimo reagisse com a convicção das ideias que estão no seu ideário e na génese.
É que é óbvio o ruir de parte importante do Estado Social que tantos anos levou a construir e é dramático assistir a essa destruição perante a impotência política e a incapacidade de mobilização ideológica.
Possivelmente haverá por aí quem comemore bebendo um bom uísque irlandês. Só espero que não segure o copo com a mão esquerda.
Meu Caro,
ResponderEliminarSe quiser passar no "A Carta a Garcia",poderá constatar que o seleccionei para o Prémio Dardos", em 20/11.
Abraço!
OC
Meu Caro Osvaldo de Castro
ResponderEliminarObrigado pela distinção. Os meus dado não serão, porventura, muito certeiros mas por aqui vou desabafando com o Mondego sempre com a convicção de que os levará ao mar.
Um abraço amigo,
João Silva
Este apelo sensibiliza-me: pede aos que aceitaram em definitivo ser uma comissão de gestão da actividade dos especuladores e de todos os que estão a destruir a actividade produtiva nacional ( Ó Continente, Ó Pingo Doce,Ó Jumbo!)para deixarem de ser o que são.
ResponderEliminarOnde chega certa esquerda que não deixa de ruminar a própria culpa.
Caro HD:
ResponderEliminarCá estás tu outra vez com a culpa ! Deves ser um grande pecador... Ou então um anjo vingador, dos que distribuem raios e coriscos.
Abraço.
RN