quarta-feira, 20 de outubro de 2010

SURPRESAS


A noticiada decisão do Governo, prevista no Orçamento do Estado  para 2011, de agrupar num a só unidade os Hospitais da Universidade de Coimbra, o Centro Hospitalar de Coimbra e o Centro Psiquiátrico de Coimbra, é uma surpresa.

A generalidade das reacções conhecidas de concordância, é uma outra surpresa.

Sendo uma decisão política de apregoada racionalidade não deixa de ser uma decisão tomada sob pressão, uma decisão preliminar e para já insuficientemente estruturada. Talvez, por isso mesmo, alguns dos concordantes não a encarem muito a sério e os não concordantes estejam remetidos ao silêncio.

A convicção de que esta decisão, inserida no contexto de uma reorganização da administração pública de  que resultarão benefícios operacionais e diminuição de custos ganhos tem, para já, tanto de bondoso como de ingénuo.

A história, a dimensão e a cultura organizacional e funcional dos estabelecimentos de saúde em causa vão trazer problemas de um âmbito e de uma especificidade que se vão tornar num calvário para gestores e políticos.

Para mais há toda uma imensidão de interesses - muitos deles obviamente legítimos e compreensíveis - que ou me engano muito ou vão determinar no curto e médio prazo mais gastos do que as economias de escala pretendidas.

Aliás, medidas deste tipo deveriam ser tomadas, para não acabarem num traumatizante  fracasso, num contexto de médio prazo, com adequado planeamento e não em tempo de crise económica e social.
 
Até acredito que esta poderia ser uma grande oportunidade para Coimbra na área da saúde mas, sinceramente, acho que vamos assistir a um ano de peripécias e de controvérsias que acabarão por se traduzir em desgaste e em prejuízo para a imagem da cidade.

É preciso aprender a rezar na era da técnica, como alguém escreveu. Eu vou ver se aprendo, para pedir que não nos provoquem mais descarrilamentos nem nos abram mais feridas

Já agora, por que é que esta estratégia de propalada racionalidade na área da saúde não é aplicada com igual ênfase no Porto e em Lisboa.  

Por que será?

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