Uma
palavra que me encantou, no primeiro momento em
que
a ouvi, é peripatético. Pela sua estranheza e musicalidade ficou-me
gravada para sempre, desde as distantes aulas de filosofia no liceu,
já lá vão uns anos largos.
Não
sendo um filosofo dou, contudo, muitas vezes por mim a caminhar e a
reflectir, não sobre os temas que Aristóteles e os seus alunos
debatiam, mas a tentar perceber alguns dos enigmas da minha cidade.
E
porque as caminhadas são um excelente exercício, merecendo
recomendação médica e até aconselhadas áqueles que vão ao
ginásio de carro mesmo morando perto, venho recomendar (presunção
não me falta) umas caminhadas reflexivas por espaços da nossa
cidade, sugerindo como primeira opção uma deambulação pelo campus
dos Hospitais da Universidade de Coimbra, já
que está em equação a construção ali de uma nova maternidade.
Li
que há um surpreendente apelo político-partidário no sentido de
não discutir ou pôr em causa esta solução, mas peço que perdoem
este meu apelo à desobediência. É que eu que julgava que os
partidos políticos tinham, entre outras, a missão de
promover
o debate de intervenções relevantes no espaço público e de obras
publicas estruturantes,
mas, claro, estamos em Coimbra...
Pois
bem, equipados
de calçado adequado – atenção
aos passeios degradados e ocupados por carros -, façamos uma
caminhada pelo território da proposta construção da nova
maternidade. Claro que o primeiro grande desafio é descobrir o local
de implantação. Não
vou dar pistas, porque não as tenho,
mas
um passeio peripatético serve para isso mesmo – descobrir coisas
enquanto se caminha.
Talvez
que os prescritores da construção da nova maternidade num recanto
daquele espaço, possam ajudar, até porque sendo alguns médicos
estou certo que terão feito (até por deformação profissional) um
diagnóstico cuidado – holístico - de todo
o espaço
e terão entendido que há boas soluções de cura para a enorme
confusão que diariamente rodeia o hospital já existente e o Polo
III, sem
esquecer a envolvente urbana.
Peço-lhes
que, perante o olhar atento que um momento peripatético implica, não
estranhem que hoje o
parque
industrial de uma qualquer cidade ou vila seja mais bem organizado,
tratado, sinalizado e estimado do que é a área importantíssima do
Polo III da
Universidade de Coimbra.
Claro
que haverá no meio de tudo isto uma inspirada visão de futuro que
me escapa, lamento confessá-lo, em que a densificação hospitalar
somada à confusão de
circulação e mobilidade sejam um paradigma de sucesso.
Não
sei se face à minha idade e
mesmo
tendo
em conta
o
atual
indicador de esperança
de vida, conseguirei
ver como a maldição das obras públicas em Coimbra acaba por ser um
fator de sucesso.
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