A
partir de agora passámos a uma nova categoria: somos interioridade
académica. Face à concentração de alunos inscritos no ensino
superior em Lisboa e Porto o ministério decidiu reduzir o número de
vagas nestas cidades, procurando assim “obrigar” alunos a irem
para o interior.
Não
parece que, nos tempos que correm e nesta área, imposições desta
natureza produzam bons resultados. O que seria relevante era uma
visão do país,
e consequentes medidas políticas globais, nomeadamente a nível de
investimento público, que combatessem a bipolarização que se tem
vindo consistentemente a concretizar, fazendo de Lisboa e Porto um
país de primeira, no
restante país de segunda em que Coimbra e o centro estão
transformados.
A
decisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de
tomar uma medida administrativa de planeamento territorial
é,
também, sintomática de que hoje a procura de formação superior e
a realização de investigação não tem a ver apenas com a
qualidade do ensino e dos projetos de investigação mas muito a ver
com o ambiente urbano em que o estabelecimentos se inserem.
Já
lá vai o tempo em que Coimbra era o paradigma da cidade
universitária. Esse tempo acabou e se ainda há alguns fatores de
atratividade eles têm vindo a desaparecer
de forma
preocupante.
A
universidade
ainda se vai aguentando nos rankings internacionais no que toca ao
seu nível de ensino, facto que hoje como se percebe não é, só por
si, determinante. Por
seu lado a
cidade
tem tido uma imensa dificuldade em conseguir
encontrar um caminho atrativo e entusiasmante para estudantes,
investigadores e professores.
É
que uma cidade de média dimensão, tratada como periférica e agora
até integrada no conceito de interioridade, tem de realizar um
esforço complementar e ter uma dinâmica especial para conseguir
vencer os estrangulamentos de que é alvo, o
que não tem vindo a acontecer.
A
complicar tudo há um óbvio
divórcio
entre
a
cidade e a universidade, sendo evidente que não só não se tomam
decisões concertadas e articuladas, como
há uma degradação global de áreas urbanas e universitárias que é
preocupante. Os polos
II e III da universidade
são disso
um exemplo
gritante.
Depois
há um desaproveitamento lamentável de
divulgação,
com
prejuízo mútuo,
de iniciativas de dimensão relevante e com projeção internacional,
como
foi, recentemente,
a
realização do
World
Health Summit (VHS) e agora são os EUSA 2018 – Jogos Europeus
Universitários 2018, que deveriam estar a ser profusamente
divulgados por toda a cidade e nos sites institucionais.
Por
tudo
isto só
apetece dizer: continuem assim e depois não se queixem.
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